(Refugiado sírio tenta dirigir moto em acampamento no Vale do Bekaa, no Líbano. Foto: Diego Ibarra Sánchez/ACNUR)
Enquanto fortes ventos fustigavam a tenda e a chuva transformava o terreno em lama no Vale do Bekaa, no Líbano, a esposa do refugiado sírio Mohammed entrou em trabalho de parto. “Tive que carregar minha mulher debaixo de chuva daqui até o hospital para que ela pudesse dar a luz. Quando voltamos vim segurando meu bebê no peito e o cobrindo com um cobertor”, afirma Mohammed sobre seu recém-nascido, Dayf-allah.
Originário de Deir al-Zor, o orgulhoso pai de três crianças é um dos milhares de refugiados lutando contra os severos ventos de inverno que assolam a região. A alguns quilômetros dali, Fátima e a família dela, refugiados sírios de Alepo, lutam para se manterem aquecidos. “Ontem, quando a chuva e a tempestade vieram, não podíamos nos aquecer à noite. Tínhamos quatro cobertores em cima de nós e não conseguíamos nos aquecer. O vento frio estava vindo debaixo da tenda”, ela relata.
Fátima toma conta do frágil pai de 80 anos, cujas condições médicas crônicas e deficiência o tornam particularmente vulnerável durante o inverno. “Meu pai tem diabetes e agora está tossindo. Os banheiros são distantes para ele. Quando chove, o cobrimos com cobertores para levá-lo ao banheiro”, conta.
Há mais de um milhão de refugiados sírios no Líbano e metade deles vive em abrigos precários como tendas, garagens, armazéns, prédios inacabados ou estábulos. Eles necessitam de contínuo apoio para manter estes abrigos, especialmente durante o inverno, que pode ser penoso e longo no Líbano.
Há previsão de mais chuva e tempestade de neve nas próximas semanas. Algumas cidades de alta atitude na região já estão cobertas com a neve. “Claro que estou assustado pelo meu filho recém-nascido, preciso mantê-lo aquecido”, afirma Mohammed, cuja maior preocupação agora é garantir que o bebê esteja seguro e salvo durante todo o inverno.
Enquanto as temperaturas caem no Oriente Médio, a ACNUR, agência da ONU para refugiados, está garantindo assistência para que 4,6 milhões de refugiados, pessoas que foram deslocadas internamente e comunidades anfitriãs vulneráveis da região sobreviva ao inverno.
No Líbano, o programa de inverno da ACNUR está ajudando 850 mil pessoas necessitadas. Isto inclui assistência financeira de novembro a março – para garantir que as famílias comprem combustível e outros itens essenciais para o inverno -, além da distribuição de cobertores, fogões e materiais para proteger os frágeis abrigos das intempéries do tempo.
“A população necessitada do Líbano com frequência precisa de recursos e estratégias para sobreviver com os poucos recursos que possuem. Normalmente eles cortam refeições, suspendem tratamentos médicos e pegam dinheiro emprestado para pagar as despesas”, informa Mireille Girard, representante no país doACNUR.
“Nosso foco é garantir suficiente assistência no inverno para impedir que os refugiados e as famílias libanesas tenham que fazer escolhas desumanas”, acrescenta.
A Agência de Refugiados da ONU lançou um apelo público para doações para seus programas de inverno. A campanha pode ser acessada aqui.
“Sabemos por experiência que as temperaturas cairão abaixo de zero e famílias libanesas desfavorecidas e cerca de um milhão de refugiados no Líbano necessitarão da nossa ajuda para se manterem aquecidos”, diz Mireille. “Qualquer contribuição de pessoas que possam ajudar fará a maior diferença”, completa.
Retirado de: nacoesunidas.org/acnur-pede-doacoes-para-refugiados-no-libano/