México, a caminhada dos migrantes: a Igreja pede responsabilidade e diálogo

Cerca de três mil migrantes partiram no sábado (23) de Tapachula, no Chiapas, com destino à Cidade do México, para pedir ao governo uma solução rápida para a crise migratória que eles estão passando. O arcebispo encarregado da Pastoral da Mobilidade Humana, Dom Francisco Moreno Barrón, apelou às comunidades, autoridades e migrantes para que assumissem suas responsabilidades na prevenção da violência

Uma caravana de migrantes, composta por cidadãos de Honduras, Guatemala, El Salvador, Nicarágua, Cuba, Haiti e Venezuela, liderada pela organização civil Pueblos Sin Fronteras, encontrava-se detida em condições precárias há vários meses em Tapachula (Estado do Chiapas no México), na fronteira com a Guatemala, esperando por um documento de trânsito e uma entrevista para pedir asilo junto à Comissão Mexicana de Ajuda aos Refugiados, passando fome e com problemas de saúde. Seu objetivo é atravessar o México e entrar nos Estados Unidos. Agora iniciou lentamente a caminhada através do país.

No entanto, no domingo (24), em uma entrevista coletiva – informa o site Vida Nueva – o arcebispo de Tijuana, Francisco Moreno Barrón, pediu aos mexicanos a serem empáticos, a dialogarem e a colaborarem com seus irmãos e irmãs migrantes, muitos dos quais estão viajando acompanhados de seus filhos, três mil dos quais estão indo para a capital. O motivo da caminhada é protestar junto às autoridades sobre os atrasos na concessão de documentos que lhes permitiriam transitar ou residir legalmente no país. O bispo salientou que “todos nós já temos a resposta” que eles precisam: as autoridades, “aproximando-se deles”, podem ver “realmente como eles estão organizados para um encontro de diálogo e tomar decisões imediatas”. Os migrantes, que foram acolhidos, deveriam responder “da maneira como este povo os abraçou”; e a comunidade deveria “adotar uma atitude empática e colaboradora”.

Apelo ao diálogo
O prelado pediu ao povo migrante que mantivesse a ordem e evitasse atitudes violentas em todas as cidades do país onde foram hospedados, em sua caminhada para os Estados Unidos. Porque é desta forma, insistiu, que eles podem responder à ajuda que lhes é oferecida de várias maneiras.

Denúncia de violações dos direitos humanos
Dom Jaime Calderón, Bispo de Tapachula, destacou em um comunicado enviado à Ajuda à Igreja que Sofre Internacional que nos últimos dias, o aumento do fluxo de migrantes, com longas filas para obter vistos, e a crise causada pela pandemia de Covid-19, levaram à superlotação, e por esta razão muitos migrantes começaram a se deslocar em grandes grupos, ou em caravanas, em direção ao interior do país, enfrentando agentes de emigração com a intenção de parar sua caminhada. É o que prevê a atual política migratória do governo do México que, como apontam os coordenadores da Pastoral da Mobilidade Humana e os diretores das Casas dos Migrantes, “intensificou suas ações para conter os fluxos migratórios e se afasta cada vez mais de uma visão humanitária para o cuidado integral das pessoas no contexto da migração, o que levou a violações dos direitos humanos desses indivíduos: sequestros, desaparecimentos forçados, assassinatos, detenções ilegais e superlotação, para citar alguns”.

“Esgotar todas as possibilidades de diálogo'”
Mesmo no sábado passado (23), depois de deixar Tapachula, os migrantes entraram em confronto com cerca de 200 policiais da Guarda Nacional e do Instituto Nacional de Migração. Neste sentido, Dom Moreno Barrón pediu para as autoridades assumirem suas responsabilidades e evitarem o recurso à violência a qualquer custo. Antes de mais nada, concluiu, todas as possibilidades de diálogo devem ser esgotadas.

Fonte: Vatican News