O projeto Clima e Deslocamentos Humanos, ação concreta no âmbito do Prêmio Nansen 2024, acaba de lançar uma produção audiovisual inovadora que utiliza a linguagem da animação para tratar de um dos temas mais urgentes da atualidade: a interseção entre o colapso ambiental e a migração forçada.
Com direção assinada por Italo Cajueiro e Francisco, a obra traduz visualmente como a exploração predatória dos recursos naturais e a crise climática impactam de forma desproporcional populações que já se encontram em situação de vulnerabilidade.
A narrativa conduz o espectador por uma jornada geográfica e emocional. Das florestas tropicais exuberantes ao avanço da desertificação, o vídeo documenta graficamente o avanço de madeireiras e da agroindústria sobre territórios ancestrais.
Mais do que um relato ambiental, a animação é uma denúncia social. Ela expõe o drama de famílias em travessias desérticas e marítimas perigosas, além de evidenciar como as inundações urbanas e a escassez de água amplificam injustiças históricas. A estética da produção é marcada por uma paleta de cores simbólica: o verde da abundância dá lugar ao ocre da devastação, retornando ao colorido conforme a narrativa apresenta a construção de alternativas coletivas.
A educação e a justiça climática como alicerces
A obra se destaca ao não se limitar à denúncia. O desfecho da animação foca na Justiça Climática, apresentando mulheres liderando processos educativos, a implementação de energia solar e a formação de redes de solidariedade entre migrantes e comunidades locais.
A emancipação das populações não é um epílogo, mas o alicerce vivo de futuros alternativos. A mensagem central é clara: saberes ancestrais e educação popular são a base fundamental para qualquer política climática eficaz. A animação já está disponível para visualização e serve como um convite à ação para instituições, coletivos e para a sociedade civil.