A mobilidade populacional é um fenômeno social que acompanha a história da humanidade. Podemos dar como exemplo as migrações que ocorreram no século 16, na época dos grandes descobrimentos, quando milhares de europeus partiram rumo ao Novo Mundo. As migrações que ocorreram nesse período contribuíram para povoar e colonizar as colônias recém descobertas. A própria história do desenvolvimento do capitalismo, que se intensifica e consolida a partir do século XVIII na Europa, teve grande impacto na mobilidade espacial da população.
Sueli Siqueira[1]
Gláucia de Oliveira Assis[2]
Carlos Alberto Dias[3]
Introdução
A mobilidade populacional é um fenômeno social que acompanha a história da humanidade. Podemos dar como exemplo as migrações que ocorreram no século 16, na época dos grandes descobrimentos, quando milhares de europeus partiram rumo ao Novo Mundo. As migrações que ocorreram nesse período contribuíram para povoar e colonizar as colônias recém descobertas. A própria história do desenvolvimento do capitalismo, que se intensifica e consolida a partir do século XVIII na Europa, teve grande impacto na mobilidade espacial da população.
Os países europeus vivenciaram na virada do século XIX, e inicio do século XX um intenso fluxo emigratório rumo ao continente Americano. Naquela época, segunda metade do século XIX, os países destino eram principalmente os Estados Unidos, o Canadá, a Argentina e o Brasil. Essas localidades representavam para os europeus uma terra de oportunidades. Nesse sentido podemos considerar que não apenas as migrações internas, mas também as internacionais se constituem numa peça chave para a compreensão da formação das sociedades, das identidades culturais e do desenvolvimento do capitalismo. A história recente é marcada pelas correntes de migração internacional.
Para os estudiosos dos fenômenos urbanos, compreender a migração torna-se uma questão essencial e passou a ocupar um lugar de destaque na agenda de discussão das ciências humanas, tendo em vista suas novas características, o crescimento do fluxo e os problemas dele decorrentes, tanto no continente Americano quanto no Europeu. Esses movimentos têm seu auge na virada do século XIX para o século XX, no entanto, no período entre a Primeira e a Segunda Guerra Mundial, (1914-1945) ocorreu uma diminuição significativa das migrações internacionais em função das guerras, das crises econômicas e da instabilidade política. Assim foi na década de 1950, com o fim da Segunda Guerra Mundial que ocorreu uma retomada dos movimentos de população através das fronteiras entre os países.
O termo “novos migrantes” se refere em geral às migrações internacionais que ocorreram após os anos 1960 e se intensificam a partir da década de 1970, atravessando a virada do século XX para o seguinte. O novo caráter dos movimentos migratórios está ligado ao fato de que tais fluxos ocorrem num mundo “cada vez menor”. Uma das diferenças significativas desses novos fluxos de população, a partir dos anos de 1960, é a inversão de sua direção. Anteriormente os fluxos migratórios eram de europeus, em sua maioria camponeses que migravam da Europa rumo à América. A partir dos anos de 1960 a direção se inverte e passa a ser dos países da América Latina para os EUA e das ex-colônias para a Europa. Com isso, muda sua composição étnica, de classe e gênero.
No caso do Brasil, até os anos de 1950 o Brasil era reconhecido como um país receptor de migrantes internacionais. Em 1920, a imigração respondia por 5,11% da população residente no país, enquanto que em 1980 essa participação reduziu-se expressivamente (PATARRA e BAENINGER, 1995). Essa auto-imagem do Brasil passa a ser problematizada quando, em meados da década de 1980, fomos surpreendidos por uma significativa emigração de brasileiros para o estrangeiro e também por um novo fluxo de coreanos, bolivianos e outros latinos para o Brasil – os novos migrantes internacionais do e para o Brasil (ASSIS e SASSAKI, 2001).
De um modo geral o projeto migratório é sempre familiar e está assentado em três pilares: emigrar, ganhar dinheiro e retornar em condições econômicas melhores. O retorno é constitutivo do projeto migratório, mesmo que ao longo do tempo não se concretize. Esse movimento populacional produz marcas no território de origem, de destino e nos sujeitos que dele participam.
“Retornar é mais difícil que partir […]” é uma frase recorrente entre os emigrantes. Neste artigo pretendemos refletir sobre a complexidade do retorno, seus diferentes tipos e sua complexidade tanto para os que ficam como para os que emigram.
Migrações no contexto da sociedade global
No final do século XX, o espaço – tempo, dentro de uma perspectiva de diminuição das distâncias e do tempo, pela possibilidade de comunicação instantânea e transporte rápido, é uma variável importante para compreender as novas tendências das correntes migratórias (HARVEY, 1993). As cidades globais possuem um mercado de trabalho secundário que é atrativo para o emigrante, pois assegura melhores possibilidades de renda. A circulação dessas informações e o acesso aos mecanismos que possibilitam a ligação entre os trabalhadores e essas cidades configuram os fluxos migratórios contemporâneos.
Nesse sentido o fenômeno da migração internacional deve ser observado numa perspectiva da economia global e das desconjunturas entre economia, cultura e política. Segundo APPADURAI (1992), para pensar a imigração a partir dessa perspectiva é necessário observar cinco dimensões. A primeira diz respeito aos grupos étnicos, os imigrantes, exilados e trabalhadores temporários. A segunda é a capacidade para produzir e disseminar informações; a terceira é a capacidade de inserção na economia global; a quarta dimensão refere-se à velocidade de movimentação de altas quantias de dinheiro e a última refere-se ao conceito de liberdade, bem estar social e democracia.
Dentro destas dimensões é possível pensar a migração internacional de brasileiros na segunda metade dos anos de 1980, que se intensifica nos anos de 1987-1989[4] como resultantes de questões estruturais aliadas a fatores políticos que desencadearam esperanças e frustrações nos primeiros anos de redemocratização do país (SALES, 1999, p. 129).
Realçamos que esta perspectiva analítica se encontra dentro de uma visão macro do fenômeno da migração internacional, pois o concebe como estratégias de mobilidade sujeitas a constrangimentos estruturais. No entanto, como demonstraremos ao longo desse artigo, embora os constrangimentos estruturais ajudem a explicar as causas da migração é importante compreender outros fatores que atuam para explicar porque o fluxo se direciona para determinadas regiões e conecta certas cidades na origem e no destino, como foi o caso da intensa rede de relações que se configurou entre Governador Valadares e algumas cidades nos Estados Unidos na região da Nova Inglaterra, assim as redes sociais tornam-se aportes teóricos importantes para analisar a continuidade desse fluxo ao longo do tempo.
A migração internacional de brasileiros, dentro desse novo contexto, é pouco significativa em termos de volume, se comparada a outros países, contudo é conseqüência do mesmo processo de transformações econômicas e sociais, resultantes do novo paradigma da economia mundial, e é significativa para as cidades e regiões de onde partem esses brasileiros, pois reconfiguram seus espaços sociais, culturais e econômicos. Ao longo dos anos de 1980, quando o fluxo migratório para o exterior torna-se intenso, o Brasil deixa de ser um território de chegada de imigrantes para tornar-se um ponto de saída.
I/Emigração no Brasil – o início do fluxo
Os quase 50 anos do início da emigração marcaram a história de algumas cidades brasileiras como Governador Valadares, ponto inicial da emigração de brasileiros. O processo de migração de valadarenses para os EUA, iniciado na década de 60, foi ampliando suas redes envolvendo a cidade nos anos 80 e início dos anos 90, marcando sua identidade e sua história, tanto dos que partiram, quanto dos que ficavam. Nestes quase cinquenta anos de fluxo, homens e mulheres foram e voltaram, transformaram suas vidas, de suas famílias, e do território. Viveram à espera do retorno, com o passar dos anos os habitantes da cidade viram-se envolvidos, numa Conexão Valadares-USA[5], configurando uma cultura migratória que passa a fazer parte do cotidiano da vida de seus cidadãos.
Segundo Margolis (1994, p. 93-94), uma “cultura de migrar para o exterior” existe em Governador Valadares e nas cidades do Vale do Rio Doce. O termo, elaborado pelo cientista político Wayne Cornelius, é aplicado para comunidades que têm amplos padrões de migração internacional estabelecidos por longo tempo; muitas crianças esperam ao crescer migrar como parte de sua experiência de vida. Portanto, padrões de migração de longo tempo levam ao fortalecimento de laços entre a comunidade de envio e a de destino no estrangeiro, neste caso, entre Governador Valadares e algumas cidades americanas (Assis, 1995).
Assim percebemos em Governador Valadares a constituição de uma cultura da emigração que significa a presença de um imaginário coletivo que se traduz na idéia da emigração internacional como uma alternativa viável para melhoria das condições de vida tanto na perspectiva econômica quanto social e cultural. Essa consciência é formatada ao longo do tempo e configurada por determinantes históricos que ligam a origem ao destino.
Os primeiros dezessete jovens da cidade de Governador Valadares, emigraram na década de 1960 para os Estados Unidos da América com o objetivo de trabalhar. Pertenciam à classe média, possuíam o segundo grau completo e estavam na faixa etária de 18 a 27 anos. Emigraram não por razões econômicas e sim pela aventura e pela curiosidade de conhecer um país que consideravam rico, desenvolvido e cheio de grandes oportunidades (SIQUEIRA, CAMPOS, ASSIS, 2010).
Como esta idéia sobre os EUA foi construída? Através dos relatos, desses primeiros emigrantes, ficou evidenciado que nos anos de 1960 estava presente no imaginário da juventude a idéia de que lá, nos EUA, aconteciam as coisas mais importantes do mundo, a música, os filmes e a guerra do Vietnam.
É importante destacar que a admiração pelo estilo de vida americano difundido principalmente pela música e os filmes, fazia parte do imaginário popular de toda a juventude brasileira, contudo na cidade de Governador Valadares havia um elemento diferenciador que impulsionou o fluxo emigratório para os EUA.
O elemento importante neste processo foi a escola de inglês IBEU e os intercâmbios dos primeiros estudantes valadarenses para os EUA que trouxeram notícias mais concretas da sociedade americana. A imprensa local noticiava as viagens e as maravilhas vividas por esses intercambistas, que pertenciam à mesma camada social e eram amigos dos primeiros emigrantes.
Esta escola foi fundada em 1960 pela esposa do Mister Simpson, Dona Geraldina Simpson. Mister Simpson era um dos engenheiros americanos que vieram para Governador Valadares em 1942 para trabalhar na ampliação da Estrada de Ferro de Vitória a Minas. Findas as obras todos os trabalhadores americanos deixaram a cidade, contudo a família Simpson aqui permaneceu. Mister Simpson viveu em Governador Valadares até sua morte em 1969 (SIQUEIRA, 2008).
Ao retornar, o primeiro intercambista relatou as grandes possibilidades de trabalhar e estudar nos EUA e indicou o caminho e as possibilidades de emigrar, ganhar muito dinheiro e estudar. No mesmo ano, de posse das informações concretas os primeiros jovens partiram para os EUA com visto de trabalho.
Os quatro primeiros emigrantes foram os pontos iniciais da rede, partiram em 1964. As cartas acompanhadas de fotos eram enviadas com freqüência relatando as oportunidades e maravilhas da terra, difundindo assim a grande aventura que era emigrar. Esses primeiros davam o suporte necessário para aqueles que os seguiam. Além das informações emprestavam dinheiro, buscavam no aeroporto, ofereciam estadia ou moradia, arrumavam o primeiro emprego, compravam roupas adequadas ao clima dos EUA, etc.
As redes sociais emergem em decorrência do próprio desenvolvimento do processo migratório e das conexões que passam a ser estabelecidas entre os locais de destino e origem dos emigrantes. As redes formadas nos países que recebem emigrantes são um dos principais fatores da permanência destes por lá, pois tornam a migração mais segura na perspectiva do emigrante. Ao encontrarem um grupo de amigos receptivos, sentem-se menos sozinhos e desprotegidos. As redes são formadas por interesses comuns e laços de amizade ou parentesco de seus participantes. Sendo assim, podemos considerar que o fluxo migratório para os EUA definiu-se a partir de um contexto histórico que criou, no imaginário popular, a idéia da existência de um lugar onde era fácil ganhar dinheiro e teve como fator determinante a formação das redes sociais.
A partir do boom emigratório[6], na segunda metade dos anos de 1980, até o início do ano 2000 o destino da maioria dos brasileiros, principalmente valadarenses eram os Estados Unidos, em razão, principalmente, das possibilidades de trabalho e das redes de relações que disseminam informações sobre o mercado de trabalho e o surgimento de mecanismos facilitadores para o processo de emigração[7]. Se por um lado a emigração internacional começou nesse ponto geográfico, ainda nos anos de 1980 se espraiou para várias outras regiões do Brasil, com trajetórias históricas que se assemelham em muitos pontos (SIQUEIRA, CAMPOS. ASSIS, 2010).
A partir da dificuldade de obtenção do visto para viajar para os Estados Unidos, bem como o acirramento americano da fiscalização da Imigração, os fluxos de brasileiros, se direcionaram também para a Europa (Portugal, Espanha, Itália, Reino Unido, etc.). O atentado de 11 de setembro de 2001 acirrou ainda mais a fiscalização em relação ao estrangeiro indocumentado e a crise econômica que em 2007 atingiu diretamente o mercado de trabalho secundário, reduziu as oportunidades de trabalho e renda para a maioria dos emigrantes, tornando o custo benefício da emigração negativo. Para algumas das cidades de origem do fluxo esse retorno em grande escala e em diferentes condições das que ocorriam até os anos de 2007 o impacto é significativo.
O projeto migratório costuma ser traduzido pelo emigrante como: trabalhar e permanecer no estrangeiro para juntar recursos suficientes para comprar uma casa, um carro e montar um negócio, ou seja, passa sempre pela possibilidade de ganhar dinheiro e retornar em condições econômicas melhores. A expressão “fazer a América”, que os emigrantes do século XXI continuam a utilizar significa exatamente este percurso. Assim no projeto migratório está inserida a perspectiva ou a promessa de retorno. Com o passar do tempo o projeto inicial é reformulado e abandonam o projeto de retorno. Contudo, a maioria, mesmo adiando o projeto de retornar à terra natal indefinidamente continua afirmando “um dia ainda vou voltar”.
As diferentes formas de retorno na perspectiva do emigrante
Durante o percurso do projeto migratório, dadas as condições sociais, econômicas e culturais, esse projeto é reelaborado e o retorno apresenta diferentes nuances. Assim podemos considerar que existem cinco tipos de retorno.
Retorno temporário é aquele em que o migrante define o país de destino como seu local de moradia. Lá tem sua família, seu trabalho, e seus investimentos. Vêm ao Brasil de férias ou para festas familiares. Recebem os jornais de sua cidade natal ou acessam através da internet. Mandam dinheiro para ajudar a família e ajudam entidades de caridade local. No país de residência muda seu padrão de vida e consumo, pois já não têm a preocupação de fazer poupança para voltar e investir no Brasil.
Outro tipo é o retorno continuado. O emigrante retorna à cidade de origem investe e acaba perdendo seu investimento ou não consegue se readaptar à vida no Brasil. Volta a emigrar para o mesmo país ou para outro país e continua mantendo o projeto de voltar. Alguns fazem esse caminho por várias vezes. Restringe seu padrão de vida e consumo no país de destino objetivando fazer uma poupança para tornar a investir em sua cidade de origem[8]. Este é um dos aspectos perversos da emigração, o sujeito perde a identidade com sua origem e não estabelece um espaço social no destino.
Vive no entre lugares, quando está no país estrangeiro tem o desejo de estar na sua cidade natal, pois a vida é mais alegre, tem muitos amigos e tudo é mais fácil e mais bonito. Quando retorna, depois de ausentar-se por 3 ou até 10 anos ou mais sente-se um estrangeiro, tudo é diferente. Não encontra o território imaginado, aquele que guardou e congelou em sua memória por longos anos. As pessoas são diferentes, o lugar é estranho, tudo é mais difícil. Retorna para o estrangeiro e depois de algum tempo recomeça a pensar no retorno à origem novamente.
Nessas tentativas de retorno fazem investimentos que muitas vezes são mal sucedidos, pois no tempo de permanência no exterior, pouparam capital financeiro, mas não adquiriram nenhuma habilidade para se tornar empreendedores e autônomos. Além disso, o tempo vivido no exterior, principalmente para os que são indocumentados, foi um tempo de invisibilidade social, medo de deportação e uma vida restrita à comunidade étnica. No retorno é preciso demonstrar para si e para os outros o sucesso do seu projeto migratório (emigrar – ganhar dinheiro – retornar em condição econômica melhor), nesse sentido é comum promover festas, pagar a conta do barzinho e dar presentes caros para os amigos, parentes e visinhos. Assim gastam boa parte da poupança feita a duras penas.
A maioria investe no comércio, abre negócio sem conhecer o mercado e sem nenhuma prática no ramo. Finda a euforia da chegada, começa o estranhamento e as dificuldades financeiras devido ao investimento mal sucedido, então recomeça a construção de outro projeto migratório, para o mesmo país ou para outro. Siqueira (2009) relata as idas em vindas deste tipo de emigrante de até 5 vezes, fazendo sempre o mesmo percurso.
A trajetória de sofrimento nessas idas e vindas não se torna visível socialmente, pois o insucesso do negócio, a angústia de viver no entre lugares, a esquizofrenia de viver essa dualidade de insatisfação em qualquer lugar que esteja, ou seja, viver sempre na perspectiva de que o lugar do qual se ausenta é melhor, não é explicitado e visível socialmente.
O Retorno permanente é aquele em que o emigrante retorna e consegue estabelecer-se na sua cidade ou país de origem, não pretende emigrar novamente. São os que se tornaram autônomos ou conseguiram se inserir no mercado de trabalho. Conseguem se readaptar ao estilo de vida da sua cidade de origem e creditam a sua condição ao seu projeto migratório. Esses são considerados bem sucedidos, pois concretizaram o projeto de ascensão social ou melhoria de vida. São visíveis, pois antes não possuíam casa própria, carro e um empreendimento que lhes proporcionasse renda para viver bem.
É interessante destacar que, nas cidades onde o fluxo de emigração internacional é grande, é fácil observar como o status de retornado bem sucedido é ostentado através das casas. Constroem casas grandes, de dois ou mais andares, em lugares que só existiam casas mais simples, pois fazem questão de retornar para seu bairro, para o mesmo ponto de partida, mesmo que possuam capital para comprar ou construir em bairros mais valorizados. As casas são pintadas de cores berrantes, tais como, laranja, verde, vermelho, amarelo. Essa é uma forma de demonstrar para si e para os outros o seu sucesso. Vale ressaltar que este grupo não constitui a maioria, mas são muito visíveis e estimulam a emigração de outros, pois são a prova concreta de que o projeto migratório é possível.
O transmigrante é aquele que vive nos dois lugares. Em sua maioria são documentados, têm vida estabilizada no país de destino e no Brasil. Possuem casa, fazem investimentos e trabalham nos dois lugares. Passam parte do ano no Brasil e participam ativamente da vida social das duas cidades. Transitam, têm visibilidade e são atores sociais nos dois lugares. Estes como os anteriores, também constroem casas grandes e coloridas. Em sua temporada no Brasil, demonstram o seu sucesso através de festas, presentes e das fotos que mostram as maravilhas do estilo de vida americano. Não relatam as dificuldades do inverso ou a dureza do trabalho. São minoria, mas também são muito visíveis e são referência para os emigrantes em potencial, ou seja, seus vizinhos e amigos.
A partir de 2007, inicia-se outro tipo de retorno, são os retornados da crise. A crise atingiu diretamente o mercado de trabalho secundário. A construção civil teve queda, com isso houve redução do valor das horas. Em seqüência houve redução de trabalho e ganhos e quase todas as atividades do mercado de trabalho secundário onde a maioria dos homens e mulheres migrantes atua.
Diante disso o custo benefício da emigração deixa de ser positivo e muitos optaram por retornar diante da inviabilidade de continuar vivendo nos EUA e em outros países que foram também atingidos pela crise (Portugal, Itália, Espanha, etc.). Para muitos o projeto emigratório tornou-se um projeto interrompido, frustrado. Alguns conseguiram retornar e ter uma renda nas cidades de origem, mas a grande maioria afirma que o retorno não desejado torna ainda mais difícil a readaptação, principalmente porque experimentaram a vida num país que acreditavam que era o país das oportunidades (SIQUEIRA, 2009).
A crise atingiu tanto os emigrantes documentados como os não documentados. Contudo os não documentados vivem, além da queda da renda, a situação de insegurança e medo da deportação. Os emigrantes que possuem Green Card ou cidadania americana têm a esperança de que a crise vai passar e então poderão retornar. Enquanto isso retorna “temporariamente” ao Brasil.
Dados da pesquisa realizada na Microrregião de Governador Valadares[9] com emigrantes retornados no período de 2007 a 2008 demonstram que 18% afirmam que possuem renda no Brasil para sua sobrevivência, ou seja, fizeram investimentos como: casas de aluguel, comércio, propriedade rural, etc. antes de retornar. Outros 51% estão retornando com capital para investir e assim auferir renda para sua manutenção, e 21% não possuem nenhum investimento no Brasil e retornam sem capital. Pretendem entrar para o mercado de trabalho (SIQUEIRA, 2009).
Grande parte dos investimentos realizados por emigrantes na Microrregião de Governador Valadares não são bem sucedidos como demonstrado na pesquisa de Siqueira (2009), principalmente por falta de conhecimento do mercado em que investem e de experiência como empresário. Essa situação ocorre com os emigrantes que retornam para diversas regiões do país, pois embora acompanhem a vida cotidiana em suas cidades de origem através da internet e do contato constantes com parentes e amigos, perderam o contato com a dinâmica da economia local, não têm informações sobre onde investir seus recursos, não buscam as mesmas em órgãos públicos o que leva muitos investimentos à falência em poucos meses. Por essa razão, podemos considerar que esses emigrantes correm o mesmo risco de não serem bem sucedidos em seus investimentos.
Os migrantes que estão retornando com a intenção de conseguir se inserir no mercado de trabalho também tem pouca probabilidade de obter sucesso, pois estiveram afastados por 3 ou 4 anos e durante o tempo de emigração não agregaram nenhuma característica que conferisse valor ao seu perfil de trabalhador.
A emigração trouxe para alguns a melhoria de suas condições de vida, para outros a frustração de anos perdidos num trabalho duro e fatigante em busca do sonho de “fazer a América” ou de desfrutar do American Way of Life. O sonho acabou e restaram para muitos as frustrações e a incerteza do futuro.
Estranhamento: efeito de uma nova percepção do outro decorrente do retorno
A migração internacional impacta tanto aqueles que emigram quanto aqueles que ficam na origem e participam diretamente do projeto migratório. As companheiras dos emigrantes que permanecem na origem são pontos importantes na elaboração e concretização do projeto migratório.
Pesquisa realizada por Almeida, Machado e Boechat (2008)[10] investiga essa perspectiva do fenômeno migratório, ou seja, a percepção das companheiras que permaneceram na origem dando sustentação ao projeto migratório.
O projeto é familiar e a companheira dá suporte tanto no aspecto afetivo como na administração da casa e na realização de investimentos das remessas enviadas do exterior.
O casal mantém contato com freqüência e a expectativa do retorno é vivenciada por toda a família. Contudo, como afirma Sayad (2000), não é possível retornar para o mesmo tempo da partida. Durante os anos de ausência o emigrante fixou a terra natal e as pessoas que ficaram no tempo da partida, mas o lugar e as pessoas mudaram e ele também mudou. Ao retornar a esse ponto de partida percebe que tudo está diferente de como era quando partiu e da mesma forma, sua família o percebe diferente daquele que havia partido. Este novo cenário gera no emigrante um desconforto e estranhamento que resulta num profundo sentimento de não pertencimento àquele novo ambiente, isto é, ao seu local e convívio de origem, no tempo da partida.
[…] quando a pessoa chega, tem um conflito, um choque, é difícil, não é fácil pra adaptar, começa-se tudo de novo. […]. Ele voltou diferente, agora que ele ta se situando, ta voltando ao normal, antes ele estava mais individualista por ter ficado aquele período todo sozinho, agora ta voltando ao normal (Mulher de retornado, 30 anos).
Muitos retornados não conseguem se sentir novamente pertencentes ao seu meio familiar, social e territorial. Em decorrência de tantas mudanças inesperadas, não é incomum que o retornado assuma uma posição crítica (nesse caso pejorativa) em relação aos familiares, ao bairro à cidade enfim ao ambiente ao qual pertencia.
[…] então eu notei assim muita diferença sabe, achei a pracinha horrorosa, que antigamente ela era mais bonita […] Sabe, eles deviam fazer aquela pracinha mais bonita, então assim, eu achei que o Rio Doce encolheu que ele era bem mais largo, agora ele ta um tiquitinho, eu perguntei pro meu irmão: “é impressão minha ou esse rio encolheu?” (Emigrante retornada, 59 anos).
Durante sua ausência idealiza o local e as pessoas que deixou para traz. A cidade fica maior e mais bonita, esquece os atritos com a companheira e os filhos e recria no seu imaginário tanto o espaço físico, como o social numa dimensão ideal. Ao se encontrar novamente na terra natal, o emigrante fatalmente percebe que apenas seu retorno não é suficiente para acabar com toda a saudade que sentia. Percebe também que ele, as pessoas e seu ambiente de origem, mudaram com o passar do tempo. Finalmente constata que foi possível apenas retornar ao território físico de onde saiu, porém não para as vivências do tempo da partida. A partir daí é feita a descoberta da irreversibilidade do tempo de que fala Sayad: “Não se pode estar e ter estado ao mesmo tempo. O passado, que é o ‘ter-estado’, não pode jamais tornar-se novamente presente e voltar a estar-no-presente, a irreversibilidade do tempo não permite” (SAYAD, 2000, p. 11).
Por outro lado, a família também passa por um processo de estranhamento em relação ao emigrado, pois ela também idealiza esse sujeito. As remessas, as caixas cheias de presentes e as palavras carinhosas e promessas trocadas nos contatos durante a ausência são fixadas e todos os atritos e discordâncias são esquecidas. Nos relatos dos familiares, pode-se constatar que o estranhamento sentido pela mulher em relação ao companheiro que retorna não tem relação com o sucesso ou insucesso financeiro do projeto migratório, mas com o tempo de ausência e as mudanças operadas tanto nela como nele.
Fora do país de origem as experiências do emigrante tornam-se parte de seu modo de vida. O novo cenário, as novas relações e as percepções do conjunto são representadas alterando o modo de ser do sujeito. A magnitude de tais alterações tem grande influência na percepção daqueles que ficaram:
Muda, muda muito. A pessoa fica diferente, a pessoa fica distante, agora até que eu acostumei, mas quando chega, parece até outra pessoa, que você não conhece a pessoa. […] parece que você não conhece a pessoa, que a pessoa ta diferente, pra gente muda (Mulher de retornado, 35 anos, fracasso).
O rearranjo familiar decorrente da ausência do parceiro constitui-se num segundo elemento quase incontornável responsável pelo estranhamento percebido tanto pelo retornado quanto por seus familiares. Pode-se dizer que por envolver a mulher e na maioria das vezes os filhos, este se constitui num dos maiores fatores de ordem psicossocial de dificuldades de reinserção do emigrante em sua cidade de origem.
As desavenças produzidas pela perda de autoridade do emigrante em relação a sua família ou manutenção da autonomia conquistada pelos que ficaram tendem a acirrar os conflitos entre retornado e residentes. Existe nessa situação um novo processo de aprendizado que nem sempre é fácil para os envolvidos. Como afirma Sayad (2000) o pecado da ausência é cobrado pelos que ficaram e se transforma numa autopunição para o emigrante.
Mas na relação de você ter uma família e deixar ela pra viver em outro país, é muito complicado, os filhos sentem a falta do pai, a esposa, e então pra você saber controlar isso é muito difícil e a pessoa de lá também, porque tem a convivência, e depois extrai, e depois que volta é aquela coisa mais estranha, tipo assim, você aprende a viver sozinha, e depois a pessoa volta, e tem que reaprender (Mulher de retornado, 24 anos, fracasso).
Eu acho que não agüentaria (de novo), pois a separação é muito difícil e o retorno mais ainda, pois o casal tem que começar como se fosse do zero, a relação (Mulher de retornado, 38 anos, sucesso).
As situações adversas provocadas pela ausência não são apagadas com o retorno. No decorrer do projeto migratório as mulheres tornam-se autônomas, pois se descobrem capazes de administrar suas próprias vidas e de suas famílias. No retorno do companheiro não admitem perder a liberdade e autonomia conquistada e começa então o estranhamento tanto do migrante em relação a sua família quanto vice-versa.
Eu fico mal, vou te falar a verdade, não me passa nada bom, eu fico com aquele sentimento de um vazio, aquela coisa ruim dentro de mim, tudo que eu senti, as lembranças voltam […] (Mulher de retornado, 30 anos, sucesso).
As mulheres que emigram também sentem as dificuldades de readaptação, contudo em diferentes dimensões. No retorno, tanto os homens quanto as mulheres não voltam para o mesmo, lugar, para as mesmas relações familiares e de gênero, o que significa que tem que renegociar posição, masculinidades e feminilidades.
Essas dificuldades são sentidas de maneiras distintas por homens e mulheres emigrantes. Enquanto as mulheres emigrantes vivem um processo de empoderamento, possibilitado pela inserção no mercado de trabalho no país de destino, em especial no negócio da faxina, e se percebem numa sociedade que garante uma série de direitos às mulheres protegendo-as, inclusive, de relações violentas, o que faz com que as mesmas renegociem suas posições de gênero, os homens vivenciam um processo distinto.
Os homens solteiros e casados vivenciam uma perda em relação a suas posições de autoridade que vivenciavam antes do processo migratório. No contexto da migração têm que dividir tarefas domésticas, cuidados com os filhos, respeitar leis que protegem as mulheres e crianças de relações violentas.
Quando retornam ao Brasil, aqueles homens que partiram e deixaram suas mulheres se surpreendem ao encontrar suas mulheres empoderadas e assumindo a chefia dos domicílios e aqueles que retornam com suas companheiras, vivenciam o desejo delas de manterem no Brasil um padrão de relações de gênero mais igualitário, como vivenciaram nos Estados Unidos.
Em ambos os casos, as posições de gênero são renegociadas o que tem gerado crises, tensões e re-definição nas identidades de gênero. Assim, no contexto do retorno a terra natal, os emigrantes homens e mulheres negociam suas posições de gênero o que muitas vezes gera questões para a sociedade de origem que vivencia o retorno como um momento de transformações nas relações familiares e de gênero.
Considerações finais
O projeto migratório tem como meta principal ganhar dinheiro para viver em melhores condições no país de origem. Nesse sentido ele é elaborado sempre numa perspectiva de retorno ao ponto de partida. Esse retorno assume diferentes formas como: temporário, continuado, permanente e transmigrantes e após 2007 os retornados em função da crise econômica no país de destino.
Nesse percurso, todos os constrangimentos, a dureza do trabalho e a invisibilidade para os indocumentados não são visíveis, mas as conquistas de bens materiais tornam-se extremamente visíveis e isso reafirma o imaginário popular de que, através da migração para o exterior, é possível ganhar dinheiro e conquistar melhores condições de vida no retorno.
Ao longo dos anos, a visibilidade daqueles que foram bem sucedidos e a circulação das informações das grandes possibilidades de ganhar dinheiro, foi constituído o que denominamos de uma cultura da emigração, ou seja, a idéia de que a resolução dos problemas econômicos passa sempre pela emigração para um país rico. Neste sentido a emigração passou a ser uma alternativa viável e acessível aos moradores da região. Entre cursar uma faculdade e emigrar, entre a possibilidade de por vários anos construir uma carreira ou juntar dinheiro para adquirir um carro ou a casa própria e emigrar e conseguir esse dinheiro em poucos anos, muitos optam pela segunda possibilidade, pois, acreditam que terão uma ascensão social mais rápida independente do que representa essa ausência no seu território de origem.
Independente das condições de retorno ele é sempre marcado pelo estranhamento entre aqueles que ficaram e os que partiram. No que diz respeito às mulheres, durante o período de ausência de seus parceiros, passam a assumir as tarefas dos cônjuges e se tornam responsáveis pelos investimentos das remessas enviadas do exterior. Esse novo papel lhes confere autonomia e a percepção de que são capazes de gerir suas próprias vidas e de suas famílias. No retorno do companheiro não estão dispostas a perder a posição alcançada.
As mulheres que emigram também conquistam autonomia, pois durante o tempo de emigração tornam-se também provedores e quando emigram com seus companheiros dividem tanto o papel de provedor como dos afazeres domésticos. No retorno não aceitam a posição de submissão que possuíam anteriormente. Nesse sentido podemos concluir que o retorno reconfigura as relações de gênero, as relações familiares e sociais. Um aspecto importante no retorno que não tratamos nesse artigo devido aos limites de espaço, mas igualmente importante, são os efeitos desse retorno para o território, no que diz respeito à cultura e economia.
A dificuldade de reconhecer seu próprio lugar de origem e as pessoas que ficaram, as dificuldades de adaptação, a dor e a culpa da ausência, as mudanças temporais tanto dos que partiram como dos que ficaram tornam o retorno tão desejado, um processo demorado e carregado de sofrimento tanto para os que se ausentaram como para os que ficaram.
Referências Bibliográficas
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APPADURAI, A. Disjuncture and Difference in the Global Cultural Economy. O Phantom Public Sphere. Minneapolis: University of Minnesota Press, Bruce Robbens, 1922.
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[1] Doutora em Sociologia e Política, professora da Universidade Vale do Rio Doce – UNIVALE.
[2] Doutora em Ciências Sociais, professora da Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC
[3] Doutor em Psicologia, professor da Universidade Vale do Rio Doce – UNIVALE.
[4] Sales (1999) denominou “triênio da desilusão” o período – entre os anos de 1987 a 1989 – quando milhares de brasileiros deixaram o país decepcionados tanto com a política econômica, quanto com a situação política.
[5] – Conexão USA é o título de um programa exibido na TV Rio Doce, em Governador Valadares, em 1992. Este programa pretendia relatar a vida dos emigrantes brasileiros nos EUA. Utilizamos deste título aqui, para evidenciar esta ligação. Para maiores informações sobre a história da cidade e sua articulação com o fluxo Goval-EUA, ver ASSIS (1995).
[6] O crescimento do fluxo migratório de valadarenses para os EUA se dá exatamente entre 1985 e 1990 (SOARES, 1995)
[7] Surgimento de agencias de turismo que organizavam viagens e davam orientações para conseguir tirar o visto americano, falsificadores de vistos e agenciadores para a entrada pela fronteira do México. Maiores detalhes sobre esses mecanismos ver Siqueira, 2009.
[8] Margolis (1994) denomina de migração iô-iô.
[9] Foram entrevistados 398 emigrantes retornados no período de 2007 a 2008 na Microrregião de Governador Valadares.
[10] Pesquisa realizada em Governador Valadares no período de 2006 a 2008. Nesse estudo foram realizadas 247 entrevistas com esposas de emigrantes.