Relatório identifica a relação ao acesso à água, saneamento e promoção de higiene com o público de atuação do projeto Orinoco
Com atuação desde 2019, o projeto Orinoco: Águas que atravessam fronteiras atende em Roraima, nas cidades de Boa Vista e Pacaraima, migrantes que deixam a Venezuela em busca de novas oportunidades no Brasil. Executado em parceria pela Cáritas Brasileira e Cáritas Diocesana de Roraima e financiado pela Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional – USAID, o projeto atende pessoas que vivem em situação de rua e em ocupações espontâneas das duas cidades, como também na rodoviária da capital. Para o relatório, uma amostra dessa população foi entrevistada, a fim de construir um panorama sobre as condições sociais do público beneficiário do projeto.
Segundo Cristina Luttner, coordenadora nacional do Orinoco, esse levantamento é fundamental nos primeiros meses de execução para medir avanços no projeto, mas também para propor melhorias na atuação sempre que necessário. “Para a Cáritas, as informações são importantes, pois mostram a situação atual com relação à saúde, segurança, gênero, comunicação, saneamento, água e higiene. Assim, podemos pensar e propor projetos que possam atender as necessidades que se mostram mais latentes do ponto de vista daqueles que mais precisam”, explica Cristina.
Na primeira etapa, o projeto Orinoco atendeu 3.874 venezuelanos e venezuelanas, através de construções e melhorias de infraestrutura para acesso à água, saneamento e higiene. Em setembro de 2020, o projeto entrou na sua segunda fase, que prevê atender 6.554 migrantes, nas instalações e em ocupações espontâneas no período de um ano.
O assessor de monitoramento do Orinoco, Wellthon Leal, destacou que além do aumento do número de migrantes que devem ser assistidos pelo projeto nesta segunda etapa, o perfil dos venezuelanos e venezuelanas atendidos em relação à primeira etapa também mudou. Ele atribuiu essa mudança à pandemia de Covid-19.
“Temos um grupo de pessoas que voltaram à situação de vulnerabilidade devido às desocupações que ocorreram durante a pandemia de Covid-19, no ano de 2020, e um grupo de pessoas que são os migrantes que entraram no Brasil durante o período de pandemia, mesmo com a fronteira [Brasil-Venezuela] fechada”, explicou.
O Orinoco, este ano, também irá construir uma nova instalação na rodoviária de Boa Vista, além de seguir com o atendimento aos venezuelanos e venezuelanas, através da garantia da manutenção e funcionamento das instalações já construídas na primeira fase.
Resultados
O Relatório além de traçar um panorama sobre o acesso à água, saneamento e higiene (WASH), também se propôs a identificar o perfil da população atendida pelo projeto, as doenças que acometem as pessoas em situação migratória, levantou aspectos que dizem respeito à segurança e ao acesso à comunicação.
A maior parte das pessoas entrevistadas pela equipe Orinoco são mulheres. Elas são maioria nas ocupações, enquanto os homens prevalecem em situação de rua. De acordo com o relatório, o destaque para essa diferença é dado porque as mulheres tendem a se organizarem em ocupações como meio de proteção, os homens têm mais presença nas ruas e na Rodoviária de Boa Vista.
Também são as mulheres as maiores vítimas de violência em Boa Vista e em Pacaraima, 35,52% na capital de Roraima e 37,36% na cidade que faz fronteira com a Venezuela. Em dados gerais, a maior parte das entrevistadas e dos entrevistados afirmaram não procurar ajuda por medo de serem desacreditados.
Os dados levantados sobre o acesso à água, saneamento e higiene mostram que a qualidade desses serviços varia pouco entre a população de rua e a população que vive nas ocupações. Uma variável, que pode ser somada a essas condições é a melhora nas condições da população de rua devido a existência das instalações Orinoco.
“É nítido nas pesquisas, que o Projeto Orinoco impactou positivamente na vida das comunidades, seja através das pessoas em situação de extrema vulnerabilidade, que em sua maioria são de migrantes, seja também pela diminuição de lixo, odor de urina e fezes em vias públicas. O Projeto garantiu um direito básico e fundamental às pessoas em Roraima através do acesso ao banheiro, ao chuveiro e água gelada e filtrada”, destacou o assessor de monitoramento Wellthon Leal.
Ainda que trazendo dados quantitativos, o Relatório traz importantes levantamentos que podem contribuir para entender as condições de vida de dois grupos de organizações migratórias e traçar a partir dessa análise as mudanças acarretadas com as ações de incidência do projeto. O documento completo pode ser acessado gratuitamente clicando aqui.
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