Chefe do ACNUR pede ação urgente para a proteção de crianças refugiadas

Crianças Divulgação IMDH

Crianças Divulgação IMDH

(Crianças se divertem na sede do IMDH. Foto: Divulgação IMDH)

 

 

Milhões de meninas e meninos compõem os números sem precedentes de pessoas em todo o mundo que foram forçadas a se deslocar de seus lares devido à guerras, conflitos e perseguições em todo o mundo. Protegê-los e encontrar soluções duradouras para os enormes riscos que eles enfrentam são o tema do fórum que teve início hoje, em Genebra, com duração de dois dias.

“Crianças em deslocamento estão expostas à graves riscos, especialmente quando estão separadas de suas famílias ou desacompanhadas de pessoas que conheçam”, disse o Alto Comissário da ONU para Refugiados em sua fala de abertura do nono ‘Diálogo do Alto Comissário sobre os Desafios da Proteção’ (High Commissioner’s Dialogue on Protection Challenges).

Um número crescente de crianças, muitas delas separadas de seus pais e famílias, estão atualmente expostas à contrabandistas e traficantes. A educação delas foi interrompida e frequentemente correm riscos de vida, disse Grandi no encontro sob o tema “Children on the Move” (Crianças em Deslocamento – tradução livre).

“Elas estão expostas à contrabandistas e traficantes. Por estarem frequentemente desprotegidas – mesmo quando estão viajando com alguém – acabam expostas, obviamente, a todos os tipos de exploração. Não podemos aceitar. Temos que combater isso, precisamos encontrar maneiras de enfrentar essa situação”, disse.

Grandi afirmou que as crianças representam mais da metade (51%) dos 21,3 milhões de refugiados em todo o mundo. Muitas crianças em deslocamento acabam parando em centros de detenção, que podem trazer graves impactos negativos à sua saúde física e mental ao longo de suas vidas.

Elas estão vulneráveis à violência sexual e de gênero, exploração e em risco de apatridia. Seus futuros são incertos e muitas delas perderam anos escolares em consequência do deslocamento.

Grandi destacou diversos compromissos significativos adotados em setembro pelos Estados na Declaração de Nova York na Cúpula da ONU sobre Refugiados e Migrantes, com o intuito de encontrar “formas concretas para enfrentar algumas das questões e problemas” enfrentadas pelas crianças em deslocamento.

O Alto Comissário enfatizou as promessas de pôr fim à prática de detenção de crianças para determinar o seu status migratório e de garantir que os Estados registrem todas as crianças nascidas no seu território para prevenir e reduzir o risco de apatridia.

Grandi também mencionou comprometimentos para encontrar soluções oportunas para crianças e jovens refugiados – incluindo a expansão de “caminhos legais” como oportunidades de reassentamento, a ampliação da reunião familiar e também um acesso mais rápido à educação de qualidade. Essas medidas foram bem recebidas pelas delegações de jovens refugiados que participaram do fórum.

“É necessário empoderar os jovens refugiados para que, quando retornarem aos seus países, tenham conhecimentos e capacidade de os reconstruir. Eu acho que isso é muito importante”, disse Joseph Munyambanza, de 26 anos, que foi forçado a deixar a República Democrática do Congo aos seis anos de idade, acompanhado de seu irmão mais velho.

Laura Valencia, uma colombiana de 19 anos que foi forçada a buscar proteção no Equador quando tinha apenas 11 anos, também salientou a necessidade de ações rápidas: “Se não agir agora, você colocará uma geração inteira em risco”.

“Para nós, é muito importante que as decisões, as boas práticas e os comprometimentos sejam reais, mas é necessário que sejam implementados imediatamente”, acrescentou.

Leia sobre as ameaças de gangues que levam crianças e jovens a deixar a região do Triângulo Norte da América Central e os graves perigos que os jovens enfrentam nas mãos de contrabandistas na Europa e no Sudeste Asiático acessando a página do ACNUR Brasil (www.acnur.org.br) e internacional (www.unhcr.org).

 

 

Fonte: www.acnur.org/portugues/noticias/noticia/chefe-do-acnur-pede-acao-urgente-para-a-protecao-de-criancas-refugiadas/