Condições de Vida da População Refugiada no Brasil: trajetórias migratórias e arranjos familiares

O refugiado é geralmente distinguido do migrante econômico como alguém que é forçado a migrar, ao contrário de alguém que tenha se deslocado voluntariamente. Assim, o refugiado se torna uma pessoa com experiências e necessidades particulares, para quem medidas e políticas públicas especiais são justificadas.

 

Este estudo apresenta as primeiras reflexões acerca da população refugiada no Brasil, a partir de pesquisa de campo inédita realizada com a população refugiada em São Paulo e no Rio de Janeiro em 2007. Contou como objetivo principal conhecer a população em situação de refúgio no Brasil, a partir de suas características demográficas (sexo,idade, composição familiar, trajetória migratória, ocupação, condições de moradia, rendimento), bem como o acesso às políticas sociais, visando mapear as condições de vida deste contingente populacional. 

Para realização da pesquisa contamos com as seguintes parcerias: NEPO/UNICAMP, Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados-Brasil (ACNUR), Cáritas Arquidiocesana de São Paulo e Cáritas Arquidiocesana do Rio de Janeiro. 

Neste texto busca-se apresentar, na primeira parte, aspectos teóricos relativos ao conceito de refugiado e na segunda parte, o panorama do refúgio no Brasil. Com o objetivo de avançar no debate acadêmico acerca desses deslocamentos populacionais, as análises teóricas trazem discussões acerca das redes sociais nas migrações internacionais, uma que para este estudo considera-se que os migrantes refugiados também constituem parte das migrações internacionais e, portanto, estão inseridos em redes de solidariedade, amizade e parentesco. Ou seja, não se trata de um contingente de migrantes isolados ou desconectados dos processos migratórios mais amplos; certamente apresentam especificidades e novos elementos de análise e interpretação. Desse modo, como forma de aproximação de possíveis vínculos relacionados às redes sociais, selecionou-se na pesquisa de campo apenas as variáveis relativas às famílias dos refugiados e sua composição e as trajetórias migratórias. Procurou-se ainda para este estudo identificar as demandas sociais deste contingente refugiado migrante no Brasil.

Continue lendo o artigo de Mariana Aydos, Rosana Baeninger e Juliana Arantes Dominguez.