Égalité: Ações e espaços para a igualdade

Desfile de moda africana inaugura loja colaborativa de migrantes e refugiados em Brasília

Égalité significa igualdade, no idioma francês.


Estilistas e profissionais de moda africana, num sonho de igualdade, participaram do desfile Égalité, promovido pelo Grupo Mulheres do Brasil em parceria com a estilista Nágela Maria e o Instituto Migrações e Direitos Humanos/Irmãs Scalabrinianas, realizado na sexta-feira (28/06), em Brasília. Todas as peças do desfile foram produzidas por mãos migrantes e refugiadas, demonstrando arte e beleza na diversidade e riqueza da cultura africana. Através do desfile, agora Égalité também é o nome da nova loja colaborativa, localizada no shopping Venâncio.

“Após observarmos a necessidade dos estilistas de disporem de um espaço para a venda dos seus produtos, procuramos o Shopping Venâncio, que cedeu gratuitamente uma loja. Desta maneira, o que seria somente um desfile, ganhou uma proporção maior: uma loja colaborativa de roupa africana, um grande incentivo para a geração de renda desses profissionais”, explica Mônica – do Comitê para a Inserção de Refugiados, do grupo Mulheres do Brasil.


Além de roupas da moda africana, a loja também comercializa acessórios, sapatos e itens de decoração. Atualmente é gerida por cinco migrantes e refugiados de distintos países africanos: Costa do Marfim, Camarões, Gana, Guiné-Bissau e Togo. Para Franck Lagbre, estilista costa marfinense, o projeto de uma loja colaborativa é muito significativo. “O projeto é muito legal porque sair do país e chegar em outro não é fácil, começar a vender algo sem dominar o idioma e sem conhecer os lugares certos é muito complicado, por isso, acredito que esse projeto tem muito futuro, nós vamos – juntos- levá-lo para frente”, enfatiza.

Além da cessão temporária gratuita, os ganhos da loja colaborativa também não tem intermediários ou taxas ao produto vendido. Desta maneira, os migrantes e refugiados que produzem e vendem poderão impulsionar melhor esta oportunidade e conseguir renda para sustentar-se a si e a suas famílias. O IMDH teve a oportunidade de indicar estilistas e acompanhar o processo de execução do desfile e apoiará inicialmente alguns itens da loja colaborativa.

Para Layanne do setor de trabalho do IMDH, o mapeamento dos migrantes com o perfil empreendedor e o acompanhamento do trabalho facilitou a dinâmica do grupo. “O empreendedorismo de migrantes e refugiados é um dos focos de atuação do IMDH. Incentivar refugiados a terem seu próprio negócio vai além de ter uma renda. O empreender estimula a autonomia e possibilita e empodera principalmente mulheres refugiadas.”

Igualmente, Ir. Rosita, Diratora do IMDH, expressa sua satisfação com o projeto, tendo assumido com o Grupo Mulheres do Brasil, o compromisso de apoiar os migrantes e refugiados na fase inicial desta valiosa iniciativa, pois entende que “dar oportunidade a que apresentem à sociedade suas capacidades e a beleza de suas expressões culturais é um modo eficaz e promissor para proverem seu sustento e enriquecerem a cultura do nosso País, um contributo positivo de integração e reconhecimento recíproco de valores entre povos e tradições diversas.”

O DESFILE

O desfile contou com a orientação e consultoria de moda da estilista Nágela Maria. Durante dois meses, os estilistas migrantes e refugiados trabalharam juntos no conceito estético que mesclou a moda brasileira com a moda africana, apresentando a integração possível desde o vestuário, e também inovando em cortes e molduras. A interação entre estilistas brasileiras e africanos resultou no desfile rico em cores, cortes e possibilidades criativas para a moda tecida a partir da migração.