No dia 7 de outubro foi realizado o segundo dia do Encontro da Rede Solidária para Migrantes e Refugiados (RedeMiR). Em um total de quatro encontros, previstos para acontecer de forma virtual, o espaço integra agentes e instituições de todo o Brasil para refletir o tema “Migração e refúgio: acolhimento, proteção e integração em tempos de pandemia”.
A primeira convidada do dia foi a Cristina Asencio, oficial de proteção do ACNUR em Brasília, dando inicio ao tema “Estratégias de proteção para grupos em situação de vulnerabilidade, com destaque para crianças e questões de gênero”. De acordo com Cristina, um dos maiores perigos enfrentados por migrantes e refugiados é a falta de identificação, o que expõe o indivíduo a abusos, maior invisibilidade, falta de moradia, acesso a saúde, educação e risco a segurança física e psicológica. “A migração expõe todo sujeito a diversos tipos de perigo, mas os grupos que estão mais vulneráveis são crianças, adolescentes, mulheres, meninas, pessoas com doenças graves, pessoas idosas, LGBTQIA+, pessoas com necessidade de proteção física ou legal, minorias e pessoas com deficiência” destacou Cristina. Lembrou também que a violência de gênero, danos físicos, sexual ou psicológico, são um dos maiores problemas. “Para combater essas dificuldades é necessário adotar algumas estratégias: identificação do grupo de risco, o encaminhamento ao atendimento e o trabalho em redes”.
O segundo painel foi conduzido por Anderson Beltrame, da UNICEF, que iniciou sua fala tratando sobre os desafios e estratégias para proteção de crianças e adolescentes migrantes e refugiados. De acordo com a Plataforma R4V, são 258.824 venezuelanos que ingressaram no Brasil e, dentre esse número, 98.353 são crianças, a maioria desacompanhadas. Dentre os desafios apresentados, consta que crianças e adolescentes refugiadas e migrantes estão mais vulneráveis à violência, abuso e negligência, com destaque para a xenofobia, trabalho infantil, exploração sexual, aliciamento por organizações criminosas e violência física e psicológica, o que reforça a necessidade de identificação e gestão de casos.
Para encerrar o dia, foram convidados três migrantes para dar seu depoimento com o tema “Comitês Estaduais e Municipais para Migrantes, Refugiados/as e Apátridas: funcionamentos e desafios”, lembrando o papel fundamental desses mecanismos para a temática migração. A primeira migrante a falar foi a Hortence Mbuyi, advogada congolesa, do conselho municipal de São Paulo. Mirtha Carpio do comitê do Mato Grosso do Sul, é venezuelana, esta no Brasil há 13 anos, é Bioquimica pela universidade de venezuelana, e foi a segunda a contribuir. Para encerrar, foi dada a palavra a James Dersob Sene, hatiano, do COMIRAT, comitê do Rio Grande do Sul.
Encontro segue neste dia 19 de outubro
O próximo dia de trabalho deste XVII Encontro acontece na próxima terça, 19 de outubro, com o tema “Resiliência: desafios, apelos e estratégias de fortalecimento da ação em favor da causa dos migrantes e dos refugiados”, com as falas de José Egas (ACNUR), Beatriz Level (IMDH Roraima) e Padre Paolo (Missão Paz). Também será apresentado os paineis “Garantia de direitos dos migrantes e refugiados”, por Matheus Nascimento (DPU) e “A privação total de direitos: apatridia”, por Maha Mamo.
Saiba como foi o primeiro dia do Encontro da RedeMiR:
https://www.migrante.org.br/destaques/encontro-da-rede-solidaria-para-migrantes-e-refugiados-reune-organizacoes-de-todo-o-brasil/