IMDH apoia trabalho direcionado à pacientes migrantes soropositivos em Boa Vista-RR

Com a doação de camas e colchões, diversos pacientes terão condições mais dignas para o tratamento de HIV

 

“Valientes por la Vida” é o nome ideal para o projeto desenvolvido  em Boa Vista pelo casal Alex Schaeffer e Nilza Hernandéz, ele brasileiro que residia na Venezuela há vinte anos, e ela venezuelana. O casal diagnosticado com HI, reside no Brasil dez meses, e migraram por motivo de saúde, carregando na bagagem a expectativa de conseguirem o tratamento, já que na Venezuela o tratamento para HIV gratuito foi suspenso por falta de insumos básicos de saúde. Foi assim que nasceu o projeto “Valientes por la Vida”, o qual, o casal acolhe na própria casa,  outros migrantes que buscam meios de tratamento da doença em Boa Vista, capital de Roraima.

O casal conta que quando chegaram a Boa Vista, por não terem condições financeiras, dormiram um mês na rua, mas conseguiu logo de imediato o tratamento. Mesmo com todas as dificuldades diárias que foram enfrentadas, eles sentiram que ainda havia esperança, e decidiram ajudar a outras pessoas a conseguirem o acompanhamento necessário no Brasil.

Em oito meses de existência, o projeto já recebeu mais de 60 pessoas portadoras do HIV, o objetivo da família é estender as possibilidades de vida destes migrantes, oferecendo orientações e acompanhando-as, de forma gratuita e voluntária, em todo o caminho que o sistema de saúde do Brasil dispõe. Além do tratamento, algo precioso que é a esperança de vida é compartilhada. Para atender esse público, a família vende picolé, tortas e bolos, e ainda, conta com o apoio da sociedade civil e de doações de instituições parceiras.

A família, mesmo abrindo a porta da sua casa, não tinha camas para acolher as pessoas que chegavam, muitas vezes, em grave situação de saúde pelo déficit de meses sem o tratamento adquado. Partilhando colaborações, o IMDH, com ajuda do instituto C&A, doou quatro camas com colchões para o projeto. A doação foi recebida com emoção e entusiasmo por Nilza Hernandéz e o esposo. “Ahora tenemos acogida digna para ofrecer a nuestros hermanos y hermanas. Ya no dormiran por el suelo.”

O acompanhamento oferecido pelo casal é de três meses, conforme a prazo para o tratamento dos pacientes. Após o acompanhamento, os pacientes retornam ao país de origem levando os medicamentos necessários para a continuidade do tratamento na residência. O Brasil oferece o tratamento completo e gratuito para qualquer pessoa que procura o Sistema único de Saúde, independente da nacionalidade ou condição financeira.

Não há cura para a doença, mas o tratamento, feito através de antirretrovirais estabiliza o vírus e faz com que pessoas portadoras consigam ter uma vida com mais qualidade, pois diminui a possibilidade da transmissão do vírus. É importante ressaltar que muitas pessoas possuem o HIV, mas não  desenvolvem o vírus, conhecido como AIDS, mesmo assim, é importante que o portador de HIV receba o devido acompanhamento médico para que o vírus não se desenvolva.

O casal busca apoios e oferece dedicação, carinho, atenção às pessoas migrantes que se encontram em situação de saúde fragilizada. “É o modo que temos para, além do nosso trabalho pessoal, receber e assistir as pessoas que geralmente a sociedade tem medo de acolher, ou mesmo rejeita. A doação das camas foi um gesto concreto e emocionante para nós. Com esse gesto, as pessoas que estão em tratamento não precisarão mais dormir em condições desconfortáveis”, enfatizou Alex.

Com esse gesto de solidariedade, o Instituto Migrações e Direitos Humanos busca contribuir para que mais pessoas consigam tratar suas enfermidades de forma digna e gratuita, e que se sintam acolhidas e respeitadas.