Inspirada pelo Prêmio Nansen concedido à Irmã Rosita Milesi, a publicação inaugura o Projeto Clima e Deslocamentos Humanos e propõe uma rede nacional de agentes de transformação.
O Instituto Migrações e Direitos Humanos (IMDH) lançou oficialmente a 19ª edição de sua prestigiada publicação Cadernos de Debates: Refúgio, Migrações e Cidadania. O volume marca um momento histórico para a instituição: é a primeira edição vinculada a um reconhecimento internacional de alto nível, o Prêmio Nansen de Refugiados, concedido pelo ACNUR (Agência da ONU para Refugiados) à Irmã Rosita Milesi em 2024.
O novo caderno não é apenas um registro acadêmico, mas o marco inicial do Projeto Clima e Deslocamentos Humanos. A iniciativa surge como uma resposta direta à urgência global apontada pelo ACNUR: atualmente, 75% das pessoas refugiadas no mundo vivem em áreas de alto risco climático. No Brasil e no mundo, a migração deixou de ser apenas uma escolha econômica para se tornar um imperativo de sobrevivência frente ao ambiente inabitável.
Homenagem especial
A 19ª edição reúne artigos que conectam a crise climática aos direitos fundamentais, explorando desde as tendências migratórias no Brasil até crises de insegurança alimentar em Madagascar.
Entre os destaques, apresenta uma entrevista com Irmã Rosita Milesi, que traça a trajetória de uma dedicada referência na defesa dos direitos de migrantes e refugiados no Brasil. Em um diálogo que entrelaça memória, espiritualidade e compromisso político, a entrevista revela o percurso da Irmã Rosita, reconhecida com o Prêmio Nansen por sua atuação ao longo de quase quatro décadas, à frente do Instituto Migrações e Direitos Humanos (IMDH), assim como por vários anos no Centro Scalabriniano de Estudos Migratórios (CSEM).
Do debate à ação: Rumo à COP30
A publicação serve como base teórica para oficinas multirregionais e para a criação de uma rede nacional de agentes de transformação socioambiental. O objetivo é que migrantes e refugiados não sejam vistos apenas como vítimas, mas como protagonistas das mudanças necessárias.
O encerramento do volume foca na COP30, realizada em Belém (PA). O texto final, assinado por Davide Torzilli, representante do ACNUR no Brasil, utiliza a história real de uma imigrante haitiana — que perdeu tudo no Haiti e novamente nas enchentes do Rio Grande do Sul — para ilustrar que o debate sobre o clima precisa, urgentemente, colocar o ser humano no centro das decisões políticas e financeiras.
Este Caderno de Debates carrega uma potência germinativa especial. Ele nasce da terra já preparada por anos de trabalho, mas carrega a urgência de um tempo que exige ação, articulação e transformação.
Acesse a nova edição do Caderdo de Debates: Refúgio, Migrações e Cidadania