IMDH promove debate trazendo o tema “saúde mental, migração e Covid-19”

Na manhã desta quarta, 02 de setembro, o Instituto Migrações e Direitos Humanos – IMDH realizou um debate por vídeo conferência com o tema “Saúde mental, migração e Covid-19: como podemos apoiar o bem estar mental de refugiados e migrantes em serviços que não são de saúde?”. A psicóloga Mariana Reis conduziu o debate realizado com profissionais de variados serviços e organizações preocupados com o atendimento de refugiados e migrantes no Brasil.

Confira a entrevista que realizamos com a psicóloga:

Qual o objetivo da debate e qual o público?
Mariana Reis: O objetivo do encontro foi fortalecer o bem estar psicossocial de refugiados e migrantes através do compartilhamento de práticas de saúde mental conhecidas como “Primeiros Cuidados Psicológicos” que podem ser utilizadas por qualquer pessoa que faça o atendimento a populações vivenciando situações de crise. Esta ação é condizente com os manuais mais recentes de saúde mental e apoio psicossocial em situações de crise, que promovem que o cuidado em saúde mental e apoio psicossocial deve ser transversal a todos os níveis de cuidado e podem ser incluídos em qualquer ação voltada a estas populações, desde que haja um apoio para que os profissionais da linha de frente se sintam capacitados para fazê-lo.

Como foi percebida a necessidade de trazer esse tema?
Mariana Reis: A temática da saúde mental e apoio psicossocial tem ganhado cada vez mais destaque nos contextos de emergências, uma vez que tem se entendido que a satisfação das necessidades básicas das pessoas atrelada à inclusão social e familiar são fortes fatores de proteção para a recuperação do bem estar a curto e longo prazo. Com esta crise global relacionada a Covid-19, a população de forma geral tem sofrido impactos em seu bem estar psicossocial, seja por motivos diretamente relacionados ao medo de infectar-se e de perder pessoas queridas, seja pelos motivos econômicos, sociais e culturais que afetam de forma mais intensa as pessoas em situações de vulnerabilidade, que é o caso da maioria dos refugiados e migrantes. Sendo assim, fortalecer aquelas redes e serviços que tem conseguido manter o apoio prestado a refugiados e migrantes é essencial para otimizar os espaços de cuidado e prestar o atendimento da forma mais integral possível, considerando todos os aspectos de uma vida digna e saudável para o ser humano, e isto passa, logicamente, pelo sentimento de pertencimento e pela sensação de autonomia que estes refugiados e migrantes podem sentir ao serem atendidos por algum serviço voltados para eles.

Como avalia o encontro e se há possibilidade de realizar outros?
Mariana Reis: Pelos comentários recebidos durante o encontro, concluo que ele foi bastante importante para sensibilizar outros profissionais sobre o seu poder de ser um promotor de bem estar psicossocial e de compreender que a saúde mental diz respeito desde a pessoa que atende o telefone até aquela que realiza um atendimento mais específico. Creio que outros encontros com a mesma proposta são importantes para capacitar ainda mais atores e transpor para a prática essa ideia que já está bastante esclarecida em teoria: a de que podemos todos influenciar positivamente no bem estar de uma população ou comunidade, independentemente da ação realizada ou da profissão exercida.