No dia marcado para reafirmar a luta pelos direitos das mulheres, o Instituto Migrações e Direitos Humanos (IMDH) reafirma este compromisso em garantir espaços de protagonismo feminino na sociedade, em especial nos espaços de luta pela causa dos migrantes. O IMDH possui uma equipe majoritariamente formada por mulheres atuando em todas as frentes de trabalho, nos escritórios de Brasília e Roraima.
As diversas situações de conflitos vivenciadas pelas mulheres e meninas em situação de migração e refúgio as tornam mais expostas a riscos de violência baseada em gênero, violência sexual, psicológica, de se tornarem vítimas de tráfico de pessoas e tantas outras formas de exploração e de desafios sociais, econômicos, culturais e políticos apenas por serem mulheres. Para isso a equipe do IMDH está atenta a essas vulnerabilidades e busca no seu trabalho diário fazer a integração desta comunidade.
Segundo Mariana Reis, que trabalha na área de Apoio Psicossocial e Integração Comunitária-Econômica do IMDH Brasília, a atuação de mulheres em prol dos direitos humanos de pessoas em situação de refúgio e/ou de migração fortalece o olhar sensível para as necessidades de mulheres migrantes. “Elas necessitam de apoio específico para temáticas que tem impacto relacionado ao gênero: carga no cuidado com os filhos, dificuldades diferenciadas de integração social na nova comunidade, desafios de integração econômica, atendimento para a violência sexual e baseada em gênero, dentre outros tantos fenômenos que afetam mulheres e homens migrantes de formas diferentes. Além disso, ter mulheres envolvidas nos grandes desafios internacionais e humanitários, como é a Migração Forçada, revela, não só a nossa capacidade como agentes transformadoras para um mundo mais justo e equitativo, como também é essencial para a verdadeira construção de um mundo sem desigualdades de gênero, em que homens e mulheres estão envolvidos na mesma proporção na busca por soluções e caminhos alternativos, contribuindo para uma configuração social mais representativa”, destacou Mariana.
Luyandria Maia, Assistente de Proteção do IMDH Solidário em Roraima, lembra que é importante que mulheres ocupem os espaços. “Torna-se fundamental que as mulheres a cada dia assumam os espaços de defesa e garantia de direitos humanos para que meninas e outras mulheres não deixem suas vozes escondidas. Principalmente, no que diz respeito à garantia de direitos humanos no contexto migratório, atuar com a população migrante sendo mulher, é uma possibilidade de instigar mulheres migrantes a se organizarem e ocuparem os espaços que defendam seus direitos enquanto mulher e migrante. Em qualquer conquista de espaço que conseguimos, nós mulheres sempre abrimos espaço para que outras mulheres possam ocupar também”, ressaltou Maia.
Adriana Corrêa, Secretária da Diretoria do IMDH Brasília, lembra que é de grande importância que o trabalho humanitário e de apoio a migrantes e refugiados no novo país ou comunidade de acolhida, envolva mulheres em todos os setores e processos operacionais e de planejamento das atividades implementadas. “Esta é a única maneira de revelar, prevenir e construir soluções eficazes para problemas enfrentados por grupos específicos, que de outra forma permaneceriam “invisíveis”. Mulheres, trabalhadoras sociais e humanitárias contribuem de maneira especial em temas transversais à migração feminina como a saúde sexual e reprodutiva, assistência à maternidade, apoio psicossocial as vítimas de violência sexual e violência baseada em gênero. Mas, devem ser reconhecidas e valorizadas também nos demais espaços de tomada de decisões, como na logística para fornecimento de materiais e alimentos em contextos emergenciais; na proteção e provisão de oportunidades profissionais na comunidade de acolhia; no empoderamento econômico, social e comunitário de mulheres migrantes; bem como no destaque de temas cruciais para ações de advocacy em prol a grupos vulneráveis e com necessidades especiais de proteção. Quando mulheres são valorizadas em ações sociais e humanitárias, toda a comunidade se beneficia, pois estas são agentes de muitas das mudanças estruturais que a nossa sociedade precisa, dentre elas a igualdade de gênero”, finalizou Adriana.
Foto de capa: Unicef/Arcos