O campo de refugiados de Moria em Lesbos, visitado pelo Papa Francisco em 2016, foi evacuado após um incêndio que, segundo os bombeiros, eclodiu em vários lugares. Segundo a Comunidade Católica de Sant’Egidio, a maioria deles são famílias, cerca de 13 mil pessoas, dos quais, 40% são menores. A União Europeia está pronta para financiar a transferência de 400 crianças e adolescentes.
O maior campo de refugiados da Europa, aquele de Moria, na ilha grega de Lesbos, foi praticamente devastado nesta quarta-feira (9) por uma série de incêndios. As chamas destruíram a estrutura, que abriga 12.700 requerentes de asilo: a maioria deles são migrantes afegãos, mas também há iraquianos, iranianos, sírios, iemenitas e norte-africanos.
Com a situação já precária em que vivem os refugiados, estão em pleno lockdown – depois que um residente da Somália testou positivo para a Covid-19 nesta semana –, e agora o incêndio que acaba evidenciando sérias questões à União Europeia sobre a realocação dos migrantes. Milhares deles, incluindo mulheres e crianças, foram agora forçados a fugir para evitar as chamas, apesar da intervenção imediata dos bombeiros no solo e de helicópteros do alto para controlar o incêndio.
EU: cuidaremos da transferência dos menores
A União Europeia está pronta para cuidar da transferência e do acolhimento de menores desacompanhados que vivem no acampamento de Moria. A declaração é da comissária europeia para as Relações Internas, Ylva Johansson, que acrescentou através de um tuíte: “concordei em financiar a transferência imediata e a acomodação de cerca de 400 crianças e adolescentes desacompanhados. A segurança e o abrigo de todas as pessoas em Moria são prioridade”. Ela também expressou proximidade e solidariedade com o povo de Lesbos e, em particular, com os migrantes e os voluntários que trabalham no acampamento de Moria. Os contatos com as autoridades gregas são constantes, a fim de monitorar a situação de hora em hora.
Apelo para que Europa acolha todos os refugiados de Moria
A Comunidade de Sant’Egidio faz um apelo por um “ato de responsabilidade coletiva” para que todos os países da União Europeia acolham com urgência os refugiados de Moria que perderam tudo com o incêndio. Trata-se de requerentes de asilo que vivem em condições extremamente precárias há meses, alguns durante anos, após terem feito longas e arriscadas viagens para fugir de guerras ou situações insustentáveis. A maioria deles são famílias, cerca de 13 mil pessoas, dos quais, 40% são menores.
A comunidade católica que, durante o verão europeu esteve presente no campo com voluntários para levar um período de “férias alternativas” aos refugiados, pede a transferência urgente de quem vive em Moira. Em comunicado divulgado nesta quarta-feira (9), a solicitação para que sejam direcionados a campos equipados, que forneçam serviços, a fim de evitar mais dramas de desespero. Além disso, o pedido para que as associações que atuam na ilha tenham livre acesso para levar ajuda imediata aos refugiados.
O Papa em Moria, em 2016
Era 16 de abril de 2016 quando o Papa Francisco visitou os migrantes da ilha grega de Lesbos, no Mar Egeu, junto com o Patriarca Ecumênico de Constantinopla, Bartolomeu I, e o arcebispo de Atenas e toda a Grécia, Ieronymos. No decorrer desses anos, o Pontífice recordou várias vezes aquele encontro comovente.
“Não quero esquecer a ilha de Lesbos, os muitos sofrimentos de migrantes e refugiados, muitos deles, crianças”, disse Francisco na última Páscoa. “Não percam a esperança”, foi a mensagem que o Papa quis deixar aos migrantes de Lesbos, antes de retornar à Itália trazendo consigo, de surpresa, 3 famílias de requerentes de asilo.
O Papa foi a Moria para ouvir as histórias dramáticas dos migrantes e para exortar a comunidade internacional a dar uma resposta adequada, de forma “digna”, enalteceu Francisco, à essa crise. Um apelo que ainda hoje é cada vez mais atual devido ao incêndio que corre o risco de tornar o acampamento inabitável.
Fonte: Vatican News