O FUTURO É AGORA: Projeto de capacitação de jovens migrantes e refugiados para inserção laboral está na sua 3° edição

Ante a crescente presença de jovens nos fluxos migratórios atuais, o IMDH, em parceria com outras instituições, vem consolidando ações específicas para este público. Com a colaboração do Centro de Integração Escola Empresa – CIEE, Alto Comissariado da ONU para Refugiados (ACNUR), Fundación Avina e outros parceiros, foi iniciado um projeto inovador de capacitação que visa acelerar o processo de integração sociolaboral destes jovens, com decorrente benefício em suas famílias. Em 2018, além de uma capacitação inicial, houve um projeto-piloto que propiciou a contratação de 8 jovens em programas Jovem Aprendiz e Estágios, nos quais conciliam escola com meio período de atividade remunerada. Em maio deste ano se iniciou a 3° turma e a expectativa é que mais jovens tenham acesso ao mercado de trabalho.

Andress Norceide é haitiano e conseguiu uma vaga como jovem aprendiz na Latam

Na capacitação inicial, em janeiro de 2018, houve a participação de 7 jovens, dos quais três foram contratados em empresas e instituições como Banco do Brasil e Governo do Distrito Federal. O haitiano Andress Norceide participou da primeira e segunda turmas, sendo selecionado recentemente em um processo seletivo da Latam. Agora, ele se prepara para iniciar sua primeira experiência de trabalho. “Antes eu ficava muito em casa, voltava da escola e ficava o dia sem fazer nada, mas agora, com menos tempo, tive que criar uma rotina de estudo e preparação para o trabalho”, diz o jovem. O objetivo do projeto, além da inserção laboral, é também estimulá-los a pensar no futuro de forma construtiva, e, possibilitar, através da capacitação de qualidade a inserção em empresas bem estabelecidas, como enfatizou a agente de ação sociolaboral do IMDH, Fernanda Gonçalves. “Pretendemos alavancar o protagonismo destes jovens, sua contribuição para a renda familiar, mas também estimular o jovem migrante a começar a planejar sua trajetória
profissional e de estudos em direção a um futuro de trabalho decente e a cargos mais complexos”, explica.

Na segunda turma, com encontros que ocorreram entre novembro e dezembro de 2018, 13 jovens, de quatro nacionalidades – Camarões, Haiti, República Democrática do Congo e Venezuela – foram capacitados. Destes jovens, cinco já foram selecionados para o programa de jovem aprendiz junto a empresas do setor bancário e da aviação civil (como Caixa Econômica Federal e LATAM Airlines) e outros estão participando de processos seletivos. O processo de capacitação se dá por meio de “oficinas de criatividade”, nas quais os jovens refugiados, solicitantes de refúgio e imigrantes recebem treinamento e preparação os desafios do mercado laboral, ao mesmo tempo em que dão continuidade aos estudos. Ao mesmo tempo, fortalece parcerias com instituições intervenientes no tema de trabalho, capacitando- as para melhor atender o público alvo.

Cesar Jose é venezuelano solicitante de Refúgio e conseguiu sua primeira oportunidade laboral

Cesar Jose é venezuelano solicitante de Refúgio, chegou a Brasília há oito meses por meio do processo de interiorização promovido pelo Governo Federal, ACNUR e organizações parceiras. Segundo ele, que já está completando seu 1° mês como Jovem Aprendiz na Caixa Econômica Federal, a oportunidade de trabalhar é muito importante para a integração local. “Para os jovens migrantes é muito bom aproveitar essa oportunidade, pois, no futuro, quando já estivermos mais velhos será mais fácil conseguir empregos melhores porque teremos experiência comprovada e conhecimento na área que atuamos, e isso é muito importante para todo migrante que chega aqui”, diz.

A terceira edição do curso, que se desenvolve em 5 oficinas, teve seu primeiro encontro na sede do IMDH, local já conhecido dos jovens e onde já se sentem mais familiarizados. As oficinas sequenciais ocorrem na sede do CIEE de Brasília. O conteúdo das oficinas aborda temas que motiva os jovens a reconhecer potencialidades laborais, e propicia conhecimentos gerais sobre identidade, comunicação, liderança e trabalho em equipe. Há, também, uma parte mais prática, voltada à confecção do currículo e dinâmicas grupais para contribuir na desenvoltura em entrevistas e no próprio trabalho.

Rayssa Marjory, assistente social do CIEE, conta que a metodologia do projeto, visa não somente prepará-los para ao protagonismo juvenil, mas procura avançar mais. “Trabalhamos para além da inserção laboral, o nosso compromisso é com o eu-social, com a emancipação e inserção social desses jovens; busca-se, também, capacitar e sensibilizar a estrutura de atendimento do CIEE para assistência contínua e informada para jovens refugiados, solicitantes de refúgio, apátridas e imigrantes.”

Para o Refugiado camaronense Chris William, iniciou como jovem Aprendiz na Latam, a oportunidade do primeiro emprego, possibilitará uma mudança em sua vida a longo prazo. “No futuro eu me vejo com um bom salário, ajudando minha família e as pessoas que estão chegando de outros países. Com apenas 14 anos é muito bom começar a trabalhar e ganhar experiência. Esse estágio me ajudará a pagar a faculdade daqui uns anos e também para me tornar um ótimo profissional no futuro, já que me interesso pela tecnologia e a área administrativa e é justamente onde irei trabalhar agora. Será um ótimo começo.”

O refugiado camaronense Chris William, é jovem Aprendiz e mostra entusiasmo com a primeira oportunidade de emprego.

Com o apoio financeiro do ACNUR e da Fundación Avina, os jovens participantes tem o transporte custeado para todas as oficinas e recebem um lanche, fornecido pelo IMDH e parceiros. A Diretora do IMDH, que sempre expressa grande preocupação com a atenção e inserção social dos jovens solicitantes de refúgio, refugiados e migrantes, diz estar muito feliz e animada com o projeto Jovem Aprendiz oferecendo capacitação e oportunidade laboral a esta população juvenil. Agradece a eficaz parceria com CIEE, ACNUR e AVINA, na viabilização deste projeto que está, inclusive, servindo de modelo para a extensão em outras localidades do País, como Manaus, Boa Vista, São Paulo, entre outras.

A turma iniciada no dia 17 de maio, conta com 16 participantes de oito nacionalidades diferentes: venezuelanos, haitianos, congoleses, togoleses, ganeses, sírios e angolanos, entre esses jovens, 9 são mulheres, número superior às outras edições. O encerramento deste curso será no próximo dia 7 de junho, em encontro com os jovens dos cursos anteriores. Este evento marcará também o ciclo de atividades pelo Dia Mundial do Refugiado (20 de junho) e Semana do Migrante (16 a 23 de junho).