Parceria entre ONU Mulheres e IMDH atende mais de 400 mulheres venezuelanas

O projeto da ONU Mulheres em parceria com o IMDH Solidário (extensão do Instituto Migrações e Direitos Humanos em Boa Vista – Roraima), desenvolvido entre dezembro de 2018 e março de 2019, concedeu 443 bolsas subsistência a mulheres migrantes em vulnerabilidade. A concessão de bolsas é uma das linhas de projeto desenvolvido pela ONU Mulheres em Roraima, o qual contemplou aspectos essenciais para o processo de acolhimento especialmente de mulheres venezuelanas. Além do auxílio financeiro, o apoio psicossocial a essas mulheres foi uma das contribuições principais da iniciativa.

A concessão das bolsas subsistência priorizou mulheres venezuelanas em situação de exploração, vítimas de violência ou em alta vulnerabilidade, e sua operacionalização ficou a cargo da equipe do IMDH-Solidário. O subsídio foi oferecido de 1 a 3 meses, de acordo com a avaliação da ONU Mulheres. A parceria foi firmada em razão da experiência do IMDH Solidário nessa modalidade de serviço, realizado também por meio do Acordo de Cooperação estabelecido com o ACNUR desde 2018.

O projeto permitiu alcançar mais migrantes e solicitantes de refúgio venezuelanas, favorecendo sua integração através de uma das ações mais efetivas em contextos de emergência, que é a destinação direta de um valor específico em dinheiro. A quantia foi utilizada de forma distinta pelas mulheres, partindo de suas próprias necessidades e da autonomia de gerir o montante recebido.

Para a solicitante de refúgio Anyela, mãe de dois filhos, a bolsa foi essencial para sair de uma situação de rua. Com o dinheiro, a venezuelana pôde pagar o primeiro aluguel e instalar os filhos na nova casa com mais segurança. “Essa ajuda é muito boa, porque dá para suprir parte das necessidades que temos quando chegamos; ter uma casa é uma delas”.

Investir o recurso da bolsa em atividades laborais foi outra forma de aplicar o subsídio recebido. Esse foi o caso da venezuelana Rosangela, que está em Roraima com apenas um de seus dois filhos. Sem ter condições de trazer a outra criança consigo, busca se inserir no mercado de trabalho a fim de reunir a família futuramente. Com a ajuda da bolsa, Rosangela consegue se locomover com mais facilidade pela cidade em busca de diárias de trabalho doméstico. Desde que recebeu o auxílio, conseguiu sua primeira proposta de trabalho. “Penso em trabalhar e juntar dinheiro para mandar para o meu filho na Venezuela”.

A venezuelana Yanetsy tem quatro filhos – três estão na Venezuela e apenas o filho mais novo está no Brasil a acompanhando. Ela optou por aplicar o recurso recebido em uma iniciativa de geração autônoma de renda. “Muitas pessoas foram ajudadas por essa bolsa. Com essa ajuda, quero comprar coisas para vender e multiplicar esse dinheiro. Vou vender merendas em frente à Polícia Federal”, enfatizou.

Durante os quatro meses de projeto, a equipe do IMDH trabalhou conjuntamente com a ONU Mulheres para promover uma acolhida digna às beneficiárias. Segundo Hannah Noronha a parceria com a ONU mulheres foi uma ação muito importante no atendimento às migrantes, não só pela bolsa subsistência oferecida, mas também pelo atendimento psicossocial realizado pelos profissionais da ONU mulheres.

“A grande maioria das mulheres atendidas pelo IMDH estão em situação de extrema vulnerabilidade. Muitas delas estão em situações precárias, e por diversas vezes em situação de rua. Desta maneira, o projeto da bolsa subsistência chegou em um momento bastante oportuno, ampliando as atividades de apoio que o IMDH desenvolve, e garantindo que mais mulheres fossem contempladas”, diz.