Relatório divulga dados e perfil dos refugiados no Brasil e no mundo

O levantamento de dados demonstrou que os números de refugiados no mundo mais que dobraram em uma década.

No dia 13 de junho, no Palácio da Justiça em Brasília (DF), foram apresentados dois relatórios relativos aos dados oficiais sobre refúgio no Brasil e no mundo. O evento contou com a presença de representantes da Sociedade Civil, do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR), do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), da Política Federal e do Ministério das Relações Exteriores (MRE).

O Instituto Migrações e Direitos Humanos (IMDH)/Fundação Scalabrinina, na pessoa da Ir. Rosita Milesi, compôs a mesa de abertura do evento, juntamente com Davide Torzilli, representante da ACNUR Brasil, a Embaixadora Gilda Motta, do MRE, Indira Groshere, da Polícia Federal, Leonardo Cavalcante, do Observatório das Migrações Internacionais (OBMigra), Fábio Silva, Chefe de Gabinete da Secretaria Nacional de Justiça, e Gloriane Antoine, da organização Fanm Nwa. A mediação foi realizada por Luana Medeiros, coordenadora do DEMIG.

Em sua manifestação, Ir. Rosita destacou a importância das informações desses relatórios e pontuou a necessidade de termos um olhar humano e acolhedor ao pensarmos nos números apresentados, pois, estes números, em primeiro lugar, representam pessoas forçadas a migrar e acolhida e proteção em outro país que não o seu.

“Creio importante e necessário nos colocar em uma posição de quem escuta números, mas vê pessoas. Sempre dizemos que por trás dos números existem pessoas, eu diria que à frente dos números existem pessoas que têm sentimentos, aspirações, e que buscam um ambiente acolhedor no qual possam viver em paz. As informações que logo serão apresentadas neste evento, são fundamentais para o nosso trabalho, para a ação humanitária de todos e todas nós. Esta atuação pode ser muito potencializada se nós conseguirmos nos colocar como quem vê nos dados e estatísticas seres humanos, rostos, ansiedades, desejos e sonhos muito mais do que simples números”, destacou Ir. Rosita.

Dados sobre o deslocamento forçado
O primeiro relatório apresentado “Tendências Globais – Deslocamento Forçado em 2023” expôs a situação mundial das pessoas forçosamente deslocadas. O levantamento de dados demonstrou que os números de refugiados no mundo mais que dobraram em uma década, sendo sua maioria provenientes de 5 países: Afeganistão, Síria, Venezuela, Ucrânia e Sudão. De acordo com os dados produzidos pelo ACNUR, em 2023, o mundo se deparou com 117,3 milhões de refugiados e deslocados internos. Cabe destacar que, o relatório apresentou o dado alarmante de que destes, 40% são crianças, ou seja, atualmente no mundo temos cerca de 47 milhões de crianças em deslocamento forçado.

Os dados também revelaram que um em cada dez refugiados e solicitantes de asilo viviam em áreas expostas a riscos climáticos extremos. Logo, se não forem tomadas medidas de mitigação e adaptação às mudanças climáticas, teremos quase 12 milhões de refugiados e solicitantes de asilo até 2040 por causa de eventos climáticos extremos.

Já em relação ao relatório “Refúgio em Números”, elaborado pelo OBMigra, com Base de dados do Conare e em cooperação técnica com o MRE, MJSP, Polícia Federal, Ministério do Trabalho, IBGE e UNB, apresentou-se dados referentes ao contexto nacional do refúgio. O sr. Gustavo, pesquisador da OBMigra e coordenador do Censo Nacional expôs que segundo os dados levantado, somente no ano de 2023, o CONARE analisou 138.359 pedidos de refúgio, sendo este número 235% maior do que no ano de 2022. Demonstrando o esforço do comitê para eficiência e celeridade nos processos de solicitação de refúgio no Brasil.

Dos processos analisados no ano de 2023, 77.193 foram reconhecidos como refugiados, sendo sua maioria procedente da Venezuela (97,5%), seguidos dos afegãos (1,2%). A maioria dos refugiados reconhecidos eram homens (51,7%), enquanto as mulheres representaram 47,6%. Na mesma tendência global, os números nacionais também apontam significativo grupo de deslocados forçados crianças e adolescentes, uma vez que a maioria dos reconhecidos refugiados no Brasil em 2023 tem menos de 15 anos de idade.