CNBB e Rede Clamor Brasil firmam parceria no apoio a migrantes, refugiados e vítimas de tráfico humano

Na tarde desta sexta, 13 de agosto, ocorreu a solenidade de assinatura do “Protocolo de Intenções” entre a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e a Rede Clamor Brasil (Rede Eclesial de Migração, Refúgio e Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas). O Protocolo tem a finalidade de expressar por parte da CNBB apoio à constituição da Rede Clamor Brasil, em seu capítulo brasileiro da Rede Clamor América Latina e Caribe, e a aprovação à sua atuação como espaço reconhecido pela Conferência para favorecer e potencializar a ação eclesial articulada em favor da causa das migrações, refúgio e enfrentamento ao tráfico humano. A solenidade foi realizada para um público reduzido na sede da CNBB, em Brasília, e transmitida pelas redes sociais.

Dom Joel Portella Amado, secretário-geral da CNBB, fez o discurso de acolhida da solenidade, apresentando as motivações para essa celebração. “Queremos viver um momento significativo para a Igreja no Brasil. Essa assinatura quer ser muitas coisas hoje. Primeiro, a nossa celebração do dia de Santa Dulce dos Pobres, voltando-nos para algumas situações de vulnerabilidade, como nossa querida Ir. Dulce voltou-se a vida inteira. Queremos celebrar também o dia mundial humanitário, a ocorrer no dia 19 de agosto, conforme indicação da ONU desde 2008. E por fim queremos celebrar ação de graças pela caminhada da Ação Emergencial “É tempo de cuidar”. É também esse um momento de pedido, de clamor. Essa palavra, clamor, mistura-se em nossa vida com nossas ações de graças. Nosso tempo é de muitos clamores. Há nesta assinatura hoje o clamor dos migrantes, dos refugiados, das vítimas do tráfico humano. Há o clamor dos outros pobres e marginalizados, dos famintos, dos vulnerabilizados de tantas outras formas. Há o clamor das famílias, um clamor destacado ainda mais porque nós vivemos nesses dias a semana da família. Há um clamor por vacina, por paz, esperança. Há um clamor do planeta, nossa casa comum tão agredida. Há um clamor da democracia agredida por interesses distintos e distantes do bem-comum”, reforçou Dom Joel.

O secretário-geral ainda falou sobre o caminho para um novo rumo para o mundo. “A busca por esse mundo diferente não pode ser tarefa de um só. Deve ser tarefa de cada pessoal, mas também tarefa de todas as pessoas, de cada instituição, de todas as instituições. Daí a importância das redes como concretizações de uma articulação que se faz cada dia mais necessária, indispensável como caminho para esse novo mundo. O rumo novo para o mundo não vai ser encontrado por solitários, por Dom Quixotes individualistas, pois quem achar que tem consigo condições suficientes para tudo solucionar, vai descobrir um dia que lutou contra moinhos de vento e ainda teve a pior e triste consequência, seja por omissão ou comissão, de dobrar as dores da terra e das pessoas. Isso Deus não deixa de ver. O rumo novo só pode ser construído através da união que abrange pessoas, grupos, famílias, entidades, instituições”, destacou Dom Joel Portella Amado.

Ir. Rosita Milesi, religiosa Scalabriniana e diretora do Instituto Migrações e Direitos Humanos (IMDH), apresentou um panorama da realidade migratória na América Latina e Caribe. “A migração forçada é um fenômeno mundial que cresce a cada ano. E nossa região Latino-americana e também caribenha, nas últimas décadas, vem sendo desafiadas na resposta humanitária às pessoas afetadas pelas várias causas que provocam esta situação. O Papa Francisco diz que acolher e assistir a quem foge de guerras, da violência, do tráfico e da fome, é um ato de humanidade. São mais de 280 milhões de migrantes, refugiados e milhares de pessoas vítimas de tráfico humano. A estes Jesus nos diz “praticai a hospitalidade” e Papa Francisco nos sinaliza um verdadeiro programa ao recordar ações de acolhida, de proteção, de promoção e de integração”, destacou.

Sobre a Rede Clamor Brasil, Ir. Rosita ainda lembrou das diversas organizações que atuam no Brasil. “A Rede Clamor Brasil, unida à CNBB e com seu apoio, se soma à finalidade de articular obras, instituições e serviços, unindo forças para potencializar esta ação e estimular iniciativas complementares. Em mapeamento que realizamos, foram identificadas 110 organizações e serviços no Brasil voltados a esta população migrante, refugiada e vítima de tráfico humano. Quanto mais próximos e integrados estivermos, maior será a visibilidade da realidade, dos sofrimentos e da necessidade que há de agir e de promover tanto ações humanitárias, quanto políticas públicas na defesa e proteção de direitos destas pessoas”, lembrou Ir. Rosita.

Finalizando o momento de discursos, Pe. Agnaldo de Oliveira Júnior, SJ, diretor nacional do Serviço Jesuíta a Migrantes e Refugiados (SJMR), destacou a sinodalidade vivida pela Igreja, conforme tem pautado o Papa Francisco. “A Rede Clamor Brasil busca ser um esforço neste horizonte para articular e congregar num mesmo espaço, sendo uma rede de redes. No Brasil contamos com uma coordenação provisória, assim como uma comissão mais ampliada, que participam de reuniões periódicas. Buscamos articular atividades conjuntas, trocas de boas-práticas que já temos mais consolidadas nas organizações e planejar os próximos passos da rede nos meses e anos que teremos pela frente”, destacou Pe. Agnaldo.

Confira a íntegra da solenidade de assinatura do “Protocolo de Intenções” entre a CNBB e a Rede Clamor Brasil