O tráfico de pessoas é uma ferida “no corpo da humanidade contemporânea”. Em 2015, assim o Papa Francisco definiu este triste fenômeno, instituindo na memória de Santa Bakhita – a freira sudanesa escravizada aos 9 anos e depois libertada – o Dia Mundial de Oração Contra o Tráfico de Seres Humanos. Este ano, a data será marcada nesta segunda, com uma Maratona de Oração. O Papa Francisco também participará desta jornada, com uma mensagem especial para o dia.
O bispo da prelazia de Marajó (PA) e presidente da Comissão Especial Pastoral para o Enfrentamento ao Tráfico Humano da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Evaristo Pascoal Spengler, reforçou que o Papa Francisco classifica o tráfico de seres humanos como “um flagelo atroz, uma chaga aberrante e uma ferida no corpo da humanidade”. Segundo ele, o Santo Padre vem estimulando a Igreja se unir a governos com o objetivo de produzir uma eficácia na luta contra o tráfico de pessoas.
Dom Evaristo afirmou que o tráfico sustenta-se numa visão mercantilista que trata as pessoas como objetos e movimenta no mundo, atualmente, mais de 30 bilhões de dólares, perdendo em arrecadação apenas para o tráfico de drogas e de armas. “As organizações criminosas aproveitam da vulnerabilidade das pessoas para enganá-las com falsas promessas e submetê-las ao trabalho escravo”, disse.
“Economia sem tráfico de pessoas”
Na sétima edição, e em plena pandemia, a Maratona de Oração será on-line, das 10 às 17 horas, em transmissão ao vivo no canal do YouTube do Dia Mundial, com traduções em cinco idiomas, incluindo o português, e irá cruzar as diferentes áreas do planeta para acender os refletores e sensibilizar a opinião pública sobre uma das principais causas do tráfico de pessoas, isto é, o modelo econômico dominante.
O tema escolhido para 2021 é “Economia sem tráfico de pessoas”. As organizações que se uniram para celebrar o Dia reconhecem que uma das muitas causas do tráfico de Pessoas é o modelo econômico dominante. Uma economia comprometida com a garantia da dignidade das pessoas promove novas experiências econômicas e produtivas que rompem com toda a forma de exploração e escravidão.
A imagem-símbolo (na foto acima), escolhida para o Dia, é uma obra do escultor canadense Timothy Schmalz intitulada “Liberta os oprimidos” (Lc 4), que representa Santa Josefina Bakhita, padroeira da luta anti-tráfico e protetora das pessoas vítimas desta escravidão.
O Comitê Internacional do Dia Mundial, coordenado por Talitha Kum – a rede de vida consagrada contra o tráfico de pessoas da União Internacional de Superioras e Superiores Gerais, está em parceria com a Seção de Migrantes e Refugiados do Dicastério para o Serviço ao Desenvolvimento Humano Integral da Santa Sé, a Caritas Internationalis, a União Mundial das Organizações Femininas Católicas, o Movimento dos Focolares e muitas outras organizações envolvidas em nível local. Também será possível apoiar o Dia Mundial nas redes sociais por meio da hashtag oficial #PrayAgainstTrafficking.
Mais informações no site do evento.
Fonte: CNBB