O Instituto Migrações e Direitos Humanos (IMDH)/Irmãs Scalabrinianas em parceria com a Paróquia Sagrado Coração de Jesus/Diocese de Roraima inauguraram na segunda-feira, 7, o Centro Pastoral para Migrantes (CEPAMI) dedicado a atender e orientar imigrantes na cidade de Pacaraima, na fronteira Brasil/Venezuela.
O local irá atender os imigrantes que diariamente, em grande número, vem ao Brasil, principalmente Venezuelanos, em busca de proteção, segurança, alimentos e oportunidade de trabalho. Em Pacaraima, embora não se disponha de dados oficiais, é expressivo o número de imigrantes, inclusive muito indígenas que vivem nas ruas e que dependem da mendicância para seu sustento, pois o município não possui abrigo para acolhê-los, encontrando-se em situação de alta vulnerabilidade.
Com duas salas para atendimentos, o Centro funcionará de segunda a sexta, das 9h às 12h e das 15h às 18h. O local está sediado na Rua Brasil, no Centro da cidade. Não se trata de um abrigo, mas, sim, de um local de orientação, informações, ajuda na documentação, fornecimento de cestas básicas, encaminhamento para atendimento em órgãos públicos e apoiará um serviço que já vem sendo oferecido pela Paróquia, que é o café da manhã.
No ato de inauguração, a diretora do IMDH, Rosita Milesi, esteve presente e prestigiou com entusiasmo a inauguração do centro. Na oportunidade, Ir. Rosita esclareceu a comunidade a finalidade do CEPAMI e convidou a numerosa comunidade presente a colaborar nas ações que ali serão desenvolvidas, “confiando sempre que, toda a ação iniciada por amor, contará com a bênção de Deus e animará a comunidade a ser sempre mais acolhedora. Para tanto, é importante recordar sempre que todas as pessoas, independente do país em que tenham nascido, possuem a mesma dignidade, merecem o mesmo respeito, e devem ser tratadas com a mesma consideração, amor, solidariedade e misericórdia”, Irmã Rosita recordou palavras do Papa Francisco que recomenda, em relação aos imigrantes e refugiados: Acolher, Proteger, Promover e Integrar.
Esteve presente e deu a bênção ao local, o bispo da Diocese de Roraima, Dom Mario, que proferiu palavras de estímulo à comunidade e de apoio à iniciativa. “O Centro Pastoral tem a missão de auxiliar e encaminhar o imigrante que por vezes não sabe quem procurar, a quem recorrer. Muitas pessoas vêm da Venezuela e também de outros países, com necessidades diversas e precisam de ajuda, precisam encontrar pessoas de coração aberto e de mãos generosas, para poderem encontrar a acolhida e o apoio de que necessitam”, explicou o bispo.
Uma das primeiras ações do Centro Pastoral será um cadastramento das famílias para poder planejar ações e buscar recursos que possam suprir suas necessidades emergenciais. Assim que concluído este levantamento, outras ações já estão previstas e serão implementadas para atender esta população migrante que chega diariamente ou que passa por Pacaraima.
A superintendente da PF em Roraima, Dra. Rosilene Santiago, também esteve presente neste momento marcante para a comunidade de Pacaraima. Ela destacou que a criação desse posto de atendimento será essencial também para orientar os imigrantes acerca da documentação necessária para formalização de pedido de residência temporária ou de refúgio. “O volume de venezuelanos buscando atendimento junto à PF é crescente. Não há perspectiva que esta procura diminua. O Centro auxiliará os imigrantes a obterem a documentação necessária para se regularizar no Brasil”, finalizou Rosilene.
Pedidos de Refúgio
O processo migratório em Roraima se intensificou em razão da crise econômica e política na Venezuela após a votação da Assembleia Constituinte de Nicolás Maduro. Diariamente venezuelanos vão à Polícia Federal de Pacaraima, Roraima, para a emissão da guia de entrada no Brasil.
Dados da Polícia Federal em Roraima apontam a constante onda migratória que segue o aumento da instabilidade política no país vizinho. Em 2015 foram registrados 230 pedidos de refúgio de venezuelanos em Roraima. No ano passado, esse número subiu para 2.230 e até junho de 2017 já bateu a marca de 6.438 solicitações.
Na fronteira, os venezuelanos entram em Roraima após preencherem um visto de turismo que autoriza a entrada e permanência no país por até 60 dias. O documento é fornecido na sede da Polícia Federal. No Brasil, eles buscam trabalho. Nos últimos sete meses, o Ministério do Trabalho no estado (MTE-RR) registrou um recorde de emissão de carteiras de trabalho a venezuelanos. No período foram quase 3 mil carteiras entregues a cidadãos venezuelanos. Em 2015, emitiram-se apenas 257 documentos, e 1.331 em 2016.