Violência em Moçambique já forçou 565 mil pessoas a abandonar suas casas

Programa Mundial de Alimentos fornece assistência alimentar a cerca de 400 mil civis afetados pelo conflito em Cabo Delgado, mas tem problemas de financiamento; nos próximos três meses, agência poderá ter que reduzir ou interromper auxílio em três províncias; Covid-19 piora a situação. 

O Programa Mundial de Alimentos, PMA, está fornecendo assistência alimentar a cerca de 400 mil pessoas afetadas pelo conflito em Cabo Delgado, apesar do aumento da insegurança e financiamento limitado. A área é alvo de combates entre terroristas islâmicos e tropas do governo do país de língua portuguesa.

Em comunicado, a agência diz que milhares de moçambicanos correm risco de fome e desnutrição graves devido a uma escassez de US$ 108 milhões de financiamento. Até o momento, 565 mil pessoas foram foçadas a abandonar suas casas.

Ajuda

Nesse momento, o PMA ajuda 400 mil pessoas nas províncias de Cabo Delgado, Nampula e Niassa com uma cesta básica familiar de 50 kg de cereais, 5 litros de óleo e 10 kg de feijão e lentilhas secas.

A cesta de alimentos garante pelo menos 81% das necessidades diárias de calorias das famílias deslocadas e contribui para evitar que famílias já traumatizadas e vulneráveis ​​sejam vítimas de exploração.

A agência distribui vales mensais de cerca de US$ 50 onde os mercados locais estão funcionando, permitindo que as famílias decidam suas necessidades básicas.

Financiamento

Nos próximos três meses, o PMA pode ser forçado a reduzir ou interromper a assistência alimentar nas três províncias devido à falta de financiamento.

Isso causa preocupações em torno da segurança alimentar e dos riscos à saúde resultantes da desnutrição, mas também pode criar tensões nas comunidades de acolhimento.

Em comunicado, a representante do PMA no país, Antonella D’Aprile, disse que estas pessoas “são especialmente vulneráveis ​​à propagação de Covid-19 porque estão amontoadas em assentamentos, quintais de famílias ou sem abrigo e sem acesso a serviços de saúde, água potável e saneamento.”

Segundo a representante, “milhares de crianças e adolescentes que perderam os pais e familiares próximos precisam de proteção e cuidados.”

Necessidades

O PMA precisa de US$ 10,5 milhões por mês para fornecer assistência alimentar a 750 mil pessoas, 500 mil deslocados internos e 250 mil das comunidades de acolhimento.

Para garantir a assistência alimentar humanitária nos próximos 12 meses, a agência requer US$ 132,4 milhões, dos quais apenas US$ 24,4 milhões foram garantidos até o final de 2020.

Antonella D’Aprile afirmou que é necessário “unir esforços agora para proteger a segurança alimentar e nutricional e a subsistência dos moçambicanos.”

Fonte: ONU