Com o objetivo de divulgar os resultados da atuação nos últimos quatro anos promovendo a integração de venezuelanos no Brasil, a AVSI realiza três eventos públicos nos dias 30 de novembro em Salvador (BA), 7 de dezembro em Brasília (DF) e 12 de dezembro em Boa Vista (RR).
Os seminários irão apresentar os resultados da pesquisa de efeito e impacto sobre a integração socioeconômica em cidades de acolhida por meio do trabalho, e contarão com a participação de representantes de diversas instituições e organismos internacionais que atuam em parceria com a Operação Acolhida – resposta humanitária do Governo Federal direcionada ao atendimento de refugiados e migrantes venezuelanos.
O primiero evento foi realizado em Salvador, nesta última semana, e contou com a participação de Ir. Rosita Milesi, diretora do Instituto Migrações e Direitos Humanos (IMDH)/Fundação Scalabriniana. No dia 30/11, na UNIFACS, falou sobre o Projeto Acolhidos por Meio do Trabalho e as ações realizadas pelo Centro de Acolhida Casa Bom Samaritano, de Brasília (DF).
A dimensão humana na acolhida dos migrantes e refugiados
Durante sua manifestação aos participantes do evento na UNIFACS, Ir. Rosita Milesi lembrou que é fundamental e prioritário ter presente que a dimensão humana a tudo se sobrepõe. “Sempre dizemos que por trás dos números, há pessoas. Eu diria que à frente dos números há pessoas que não existem para serem contadas ou calculadas. Refugiados e migrantes não são números, são pessoas (Papa Francisco), são rostos, nomes, histórias, esperanças, sonhos. Não é um plano de acolhimento tecnicamente perfeito que vai ser o ideal, se esse plano ignora ou desconsidera a escuta, a vontade, o desejo, as capacidades dos migrantes e refugiados em sua concepção e anseios”, destacou a diretora do IMDH.
A importância da acolhida e abertura de espaços aos migrantes e refugiados também foi lembrada por Ir. Rosita. “Vale ressaltar que qualquer proposta de acolhida e assistência para a Integração precisa ser entendida como uma via de mão dupla, no sentido que o imigrante e o refugiado devem, sim, inserir-se na sociedade de acolhida ou de chegada, mas é imprescindível que a sociedade abra os espaços para que eles possam perceber que a comunidade, a escola, o vizinho, os espaços de lazer estão abertos à sua participação e integração. Nossa reflexão deve considerar que todos os âmbitos da vida social, desde o mundo da educação, da saúde, do trabalho, precisam levar em conta a presença dos migrantes e refugiados e que haja espaço por onde possam, de fato, participar, dar a sua contribuição, aportar elementos de sua cultura, de seus talentos, de sua especialidade, de sua formação”.
Por final, a diretora do IMDH destacou a busca por políticas públicas que respondam aos anseios dos migrantes e refugiados. “Creio que o tratamento é humanizado se o pensamos com as mesmas características e possibilidades que imaginamos ou desejamos a nós mesmos, à nossa família, às crianças, aos trabalhadores, às mulheres, à comunidade LGBQIA+, aos idosos. Em resumo, um tratamento digno de nossa humanidade comum. E para tanto, é essencial avançar em políticas públicas que favoreçam este tratamento acolhedor. Podemos referir muitos aspectos que formam o atendimento humanizado. Mesmo antes de se sentirem integrados ou de alcançarem uma efetiva autonomia, os migrantes e refugiados, assim como todo o ser humano, esperam desejam, primordialmente, sentir-se ser humano cuja dignidade não pode sofrer variações por ter mudado de um país para outro”, finalizou Ir. Rosita Milesi.
Projeto Acolhidos por Meio do Trabalho
A integração socioeconômica de venezuelanos migrantes e refugiados no Brasil é um percurso humano integral, que implica acolhimento, proteção, promoção e integração. Este último componente é fortemente relacionado à capacidade de autonomia e sustentabilidade social e econômica dos refugiados e migrantes nas novas cidades de acolhida. Nesse contexto, a AVSI Brasil desenvolve o projeto Acolhidos por meio do trabalho, contando com a parceria com a Fundação AVSI, AVSI USA, implementado pela AVSI Brasil e Instituto Migrações e Direitos Humanos (IMDH) e conta com o financiamento do Departamento de População, Refugiados e Migração (PRM), do governo dos EUA.
Esta iniciativa, desde 2019, promove as capacidades individuais dos refugiados e migrantes venezuelanos abrigados em Roraima, visando facilitar o acesso ao mercado de trabalho junto ao setor privado, promovendo a interiorização voluntária de venezuelanos para trabalharem formalmente em outras localidades do Brasil.